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    Médicos-residentes do Hospital São Paulo entram em greve

    DO 'AGORA'

    24/06/2015 02h00

    Atendimentos não urgentes e parte dos exames foram interrompidos no Hospital São Paulo, na Vila Mariana (zona sul de SP), nesta terça-feira (23), quando teve início greve, por tempo indeterminado, de 1.100 médicos-residentes.

    A categoria reclama de más condições de trabalho, como falta de leitos, de medicamentos e até de instrumentos básicos, como injeções.

    O hospital manteve o atendimento de casos mais urgentes, mas a direção não divulgou o número de pacientes prejudicados.

    Klaus Nunes Fischer, presidente da Associação de Médicos-Residentes da Escola Paulista de Medicina, afirmou que a greve continuará até que a direção tome medidas. "O hospital sofreu um corte nos repasses. Nós queremos a retomada desses repasses e reorganização dos encaminhamentos dos pacientes", declarou.

    Segundo os residentes, o hospital não está preparado para receber casos que não sejam de média ou de alta complexidade. "Um repasse extra de R$ 3 milhões foi feito recentemente. Aos olhos da população pode parecer muito, mas não cobre nem o déficit de um mês", afirmou o presidente da associação.

    MACA NO CORREDOR

    A superlotação, segundo grevistas e pacientes, leva a situações como a do ourives Clóvis Rosalvo de Figueiredo Lima, 56, da Vila Limeiro (zona oeste). Ele diz que, há um mês, foi internado no Hospital São Paulo e, por 12 dias, foi deixado em uma maca no corredor.

    "Além disso, contraí uma bactéria. Se não for tratado, posso perder minha perna", disse. Ele tentou buscar o prontuário de atendimento para continuar o tratamento em outro hospital, ontem, mas não conseguiu.

    O pedreiro Eudócio Soares Gomes, 63, de Taboão da Serra (Grande SP), não conseguiu fazer um eletrocardiograma marcado para ontem. "Estou tentando fazer desde as 6h, mas disseram que não vai dar", contou o pedreiro, que deixou o hospital ao meio-dia.

    Parte dos pacientes com casos graves foram atendidos. A dona de casa Lici Alves de Oliveira, 58, de Americanópolis (zona sul), foi ao hospital para fazer um ecocardiograma. "Tenho um câncer que evoluiu para os ossos. Faço tratamento há 15 anos e fui muito bem atendida."

    VIAGEM

    O aposentado Carlos Roberto, 60, de Lins (431 km de SP), teve de voltar para casa sem fazer um ultrassom que estava agendado para ontem. Ele fez uma viagem de quatro horas e meia para poder ser atendido.

    "Disseram que não havia pessoal disponível e só vou poder passar pelo procedimento quando a situação se normalizar", disse Roberto, que faz o exame rotineiramente no Hospital São Paulo.

    Ele faz o tratamento porque fez um transplante de rins anos atrás.

    O aposentado não recebeu nenhum comunicado sobre a paralisação. Ele disse que, ao informarem que ele não poderia fazer o exame, o hospital ligaria para avisar sobre uma nova data.

    De acordo com os médicos-residentes, o hospital já começou a informar pacientes que tiveram consultas e exames desmarcados e vai remarcar todos os procedimentos.

    OUTRO LADO

    A direção do Hospital São Paulo disse estar trabalhando para atender às reivindicações dos residentes e se esforçando para manter o atendimento à população. Segundo a direção, se houver necessidade, o hospital reforçará a equipe médica, mas o impacto da paralisação ainda era avaliado. A instituição não divulgou números, ontem, sobre atendimentos no hospital.

    Sobre o paciente que disse ter ficado 12 dias no corredor, a direção afirmou que avaliaria a reclamação e que esclareceria a questão o mais breve possível.

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