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    SP volta a ter madrugada mais fria do ano; sol aparecerá no fim de semana

    DE SÃO PAULO

    26/06/2015 13h10

    A cidade de São Paulo voltou a registrar a madrugada mais fria do ano nessa sexta-feira (26). Segundo o Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia), os termômetros marcaram 12°C no mirante de Santana (zona norte), marca inferior ao recorde anterior, de 12,1°C, registrado nos dias 16 e 25 deste mês.

    Apesar da medição oficial ser a do Inmet, as estações do CGE (Centro de Gerenciamento de Emergência), da prefeitura, registraram temperaturas ainda menores, como em São Mateus (9,5°C), Capela do Socorro (10°C) e Parelheiros (10,7°C).

    Com a sensação térmica abaixo dos 10°C, a Defesa Civil colocou a cidade em estado de alerta na madrugada. A partir da declaração da atenção –abaixo dos 13°C–, órgãos da prefeitura passam a dar encaminhamento ou acolhimento a pessoas em situação de risco na cidade, caso haja chamadas.

    As noites e madrugadas continuarão frias nos próximos dias, mas o sol volta a aparecer, elevando as temperaturas no decorrer da tarde. Segundo o CGE, os termômetros marcarão entre 10°C e 23°C na capital paulista no sábado e domingo. Já no Estado, os termômetros poderão chegar aos 2°C na serra da Mantiqueira.

    Uma massa de ar seco também vai predominar sobre toda a região Sudeste neste final de semana, mantendo a umidade baixa e prejudicando a qualidade do ar.

    MORADORES DE RUA

    Com o frio dessa madrugada, voluntários entregaram cobertores a moradores de rua da região central de São Paulo.

    Às 2h desta sexta, o morador de rua Jeferson Viana dos Santos, 23, tentava se proteger do frio deitado no chão com apenas um lençol, em frente a uma loja na rua da Consolação, na região central de São Paulo. Ele foi uma das pessoas que receberam cobertores de um voluntário. "Estava com muito frio", disse.

    Ele falou que nunca imaginou que iria morar nas ruas quando chegou a São Paulo em busca de emprego. "Minhas roupas e documentos foram roubados, graças a Deus ganhei roupas", explica Santos encostado nas sacolas e sacos onde guarda seus objetos e que também utiliza como travesseiro para dormir.

    Santos é apenas um dos moradores de rua ajudados por um grupo de voluntários da ONG Anjos da Noite, fundada há 26 anos na região de Arthur Alvim, zona leste de São Paulo. Todos os sábados de manhã, o grupo se reúne na ONG para preparar as refeições que são distribuídas no final da tarde às pessoas que vivem nas ruas.

    Há cinco anos, a ONG começou também a distribuir cobertores quando a temperatura fica muito baixa. Por volta da 0h, os voluntários deixam a zona leste em direção ao centro entregando cobertores aos moradores de rua que encontram pelo caminho. Nesta madrugada, quatro pessoas, em dois veículos, entregaram 300 cobertores e sanduíches.

    Dirigindo devagar uma Kombi, Kaká Ferreira, 62, fundador da ONG, observa os moradores que estão sem cobertor ou roupa de frio para entregar. Se a pessoa estiver dormindo, os voluntários colocam o cobertor sobre ela e deixam um sanduíche. "Não acordamos, eles têm muita dificuldade para conseguir dormir na rua", explica.

    Segundo Ferreira, o centro é local onde se concentra a maioria dos moradores de rua de São Paulo."Hoje é o meu aniversário e o meu presente é sair nas ruas ajudando as pessoas", disse sorrindo.

    Quando vê a Kombi estacionando na rua da Consolação, Anderson de Souza, 20, que mora há dois anos nas ruas, se aproxima do grupo e pede: " me dá um cobertor, uma blusa, o que tiver". Os voluntário entregam dois cobertores e ele retorna ao lugar onde estava tentando dormir na calçada.

    As doações são feitas por empresas e arrecadadas por voluntários pelas redes sociais. Ferreira conta que na semana passada a ONG recebeu uma doação de 1.000 cobertores de uma empresa. "A necessidade não tem sexo, religião ou raça. A necessidade é necessidade", explica Ferreira.

    No final da madrugada, quando perceberam que tinham apenas quatro cobertores e um número maior de moradores de rua, os voluntários tiveram a difícil tarefa de selecionar quem receberia a doação.

    Ferreira começou a olhar os moradores que não tinham cobertores ou estavam apenas com lençóis. O último cobertor foi entregue ao cearense Antonio Silvio da Silva, 40, que estava encolhido tentando se proteger do frio. Imediatamente, Silva se agasalhou.

    "Viver assim na rua é vegetar, é tipo ser uma pessoa invisível. É só Deus mesmo", disse resignado.

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