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    Crise da água

    Crise hídrica coloca Brasil na mira de empresas israelenses

    ARTUR RODRIGUES
    ENVIADO ESPECIAL A ISRAEL

    28/06/2015 02h00

    A crise hídrica paulista entrou no radar da indústria da água de Israel. Com incentivos do governo tanto na área de pesquisa como na incubação de start-ups, Israel tenta se consolidar como uma espécie de Vale do Silício das soluções hídricas.

    "Cada vez mais crianças querem aprender sobre a indústria da água. Também há novas matérias surgindo nas universidades e mais gente estudando engenharia hidráulica", diz Adi Yefet, diretora do Israel NewTech, programa criado pelo Ministério da Economia para fortalecer o setor dentro e fora do país.

    Em um país com 8 milhões de habitantes, falta mercado para as cerca de 250 empresas de tecnologia da água, que veem grandes oportunidades de negócio nos problemas hídricos enfrentados por gigantes como China, Índia e Brasil. Hoje, as exportações do setor chegam a U$ 2 bilhões por ano.

    Editoria de Arte/Folhapress
    ESTRATÉGIAS DE ECONOMIA DE ÁGUA Métodos aplicados em Israel são pouco usados aqui

    O cônsul para assuntos econômicos de Israel em São Paulo, Boaz Albaranes, acredita que a crise hídrica paulista deve engordar a delegação de brasileiros na feira do setor promovida pelo país em outubro, a Watec.
    Entre os convidados estão o presidente da Sabesp, Jerson Kelman, e membros do consórcio da bacia dos rios PCJ (Piracicaba, Capivari e Jundiaí), que alimentam o sistema Cantareira.

    Entre as companhias que estarão no evento, um dos principais focos é a redução de perdas, problema bastante comum devido à idade dos encanamentos das grandes cidades do mundo. Na cidade de São Paulo, cerca de 20% dos canos têm mais de 40 anos, e a rede tem, em média, 33 anos. Os vazamentos causam desperdício de 19,5% da água, quase o dobro do índice israelense, de 10%.

    A empresa Curapipe, por exemplo, criou uma cola não tóxica para tapar vazamentos em encanamentos. Assim que passa por um buraco, a substância entra em contato com o ar e se solidifica.

    O produto substitui a troca de encanamento, cujo custo pode chegar a US$ 1 milhão (R$ 3,1 milhões) por quilômetro. Mesmo assim, a estimativa da empresa é que o Estado de São Paulo teria de gastar US$ 1,2 bilhão (R$ 3,7 bilhões) no produto para acabar com os vazamentos.

    Já a Aquarius-Spectrum desenvolveu um sensor acústico que, acoplado aos hidrantes, capta vazamentos em um raio de 300 metros. A irrigação por gotejamento, desenvolvida pelos israelenses, já chegou ao Brasil. Ao contrário da irrigação por sprinklers e inundação, comuns por aqui, o método direciona a água para a planta.

    Surgida em um kibutz, a Netafim virou uma gigante do ramo, com presença em vários países, inclusive o Brasil. O diretor de sustentabilidade da empresa, Nat Baraky, 71, está na Netafim desde o início, na década de 1960.

    "Naquela época, tentando plantar no deserto, sofríamos uma falha após a outra", conta. Segundo Baraky, a técnica de gotejamento mudou tudo isso.

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