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    Pedestres e ciclistas convivem bem no 1º dia útil com ciclovia na Paulista

    EMÍLIO SANT'ANNA
    ANDRÉ MONTEIRO
    DE SÃO PAULO

    29/06/2015 11h11

    Não deu tempo nem para descansar da inauguração. A mais nova ciclovia de São Paulo, na avenida Paulista, recebeu nesta segunda (29) não só bicicletas como pedestres.

    No primeiro dia útil de funcionamento da pista, não houve grandes transtornos na relação de quem cruza a Paulista a pé com quem pedala.

    Mas ainda sobram rusgas. De um lado, pedestres que fazem da ciclovia um prolongamento para a caminhada. De outro, ciclistas que ameaçam a travessia ao ignorar a cor vermelha dos semáforos.

    Em alguns momentos, havia bicicletas misturadas nas faixas dos demais veículos –em geral, eram entregadores de comida, que afirmavam pedalar de maneira mais rápida fora da pista exclusiva.

    O maior movimento de ciclistas ocorreu por volta das 8h e começou a diminuir a partir das 9h. A maior parte deles disse à Folha que usavam a via exclusiva para ir para o trabalho.

    PESSOAS NA VIA

    A CET (Companhia de Engenharia de Tráfego) não registrou acidentes, mas muita gente atravessou a Paulista pela ciclovia, fora da faixa destinada aos pedestres.

    Isso aconteceu com mais frequência na altura da rua Haddock Lobo. Ali, não há espaço para a travessia, mas a demarcação vermelha no asfalto virou uma faixa informal para quem está a pé –por volta das 14h, uma idosa quase foi atropelada por um ônibus no sentido Consolação.

    "Esse problema já existia aqui antes da ciclovia, mas ela pode ter acabado prejudicando porque os pedestres pensam que podem se arriscar", disse um agente da CET.

    Outro ponto de atenção é no canteiro central da rua da Consolação, que antes fazia parte da parada de ônibus.

    Ele foi retirado e, no lugar dele, foi implantada uma faixa de pedestres. Muita gente, no entanto, atravessava a via sem notar os ônibus que passaram a cruzar a rua.

    Ainda pela manhã, no cruzamento com a rua Augusta, um morador de rua (aparentemente embriagado) resolveu dormir ao sol, no meio da ciclovia. Durante meia hora, os ciclistas que trafegavam no sentido Paraíso tiveram que desviar do homem, que acabou retirado por dois PMs, ambos também de bicicleta.

    O canteiro central da Paulista ficou mais estreito em alguns trechos para a travessia de pedestres –mas a reportagem não presenciou problemas nos picos da manhã, da hora do almoço e da tarde.

    Nem mesmo idosos ou pessoas com mobilidade reduzida tiveram problemas. Um exemplo disso é o auxiliar de serviços Ivan de Andrade, 56, que usa uma prótese na perna direita e uma bengala. "O tempo para atravessar não é grande, mas dá para eu passar. E as bicicletas, pelo que eu vi, param no sinal também", disse.

    Aos 80 anos, Ruth Pereira também atravessava sem receio. "Mas eu acelero, mesmo porque, depois que eu passo o canteiro, o semáforo começa a piscar." Às 13h, os semáforos de pedestres intercalavam 20 segundos de verde e dois minutos de vermelho.

    Montada em sua bike, a engenheira ambiental Maira Bombachini, 31, foi pela primeira vez para o trabalho usando a via. Cicloativista, ela diz ter aprovado o funcionamento no primeiro dia útil. "A prioridade é sempre o pedestre pelo código de trânsito. Estou satisfeita", afirmou.

    FECHAMENTO DA PAULISTA

    Após um dia sem incidentes graves ou grandes congestionamentos com a avenida Paulista fechada, ganhou força na gestão Fernando Haddad (PT) a ideia de vetar os carros na via todos os domingos.

    Na avaliação da prefeitura, a experiência foi positiva. Técnicos da CET (Companhia de Engenharia de Tráfego) devem apresentar relatório com o impacto no trânsito ainda nesta semana. Com isso, a equipe de Haddad vai avaliar se será necessário realizar mais testes antes de tomar uma decisão definitiva.

    Para a ex-coordenadora do Departamento de Planejamento Cicloviário da CET, onde trabalhou durante 35 anos, Maria Ermelina Malatesta, faltava vontade política para implantar ciclovias.

    Editoria de Arte/Folhapress

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