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    Arquitetos recorrem à Unesco para evitar novas demolições em Salvador

    JOÃO PEDRO PITOMBO
    DE SALVADOR

    09/07/2015 02h00 Erramos: o texto foi alterado

    Após a demolição de 31 imóveis históricos, em maio, três associações de arquitetos e urbanistas da Bahia pediram à Unesco (braço da ONU para educação e cultura) a inclusão do casario do centro histórico de Salvador na lista de patrimônios ameaçados.

    Desde 1985, a região –que inclui a do Pelourinho– é tombada como Patrimônio Cultural da Humanidade. Dos imóveis demolidos, dois são tombados. A expectativa é que uma missão da Unesco visite Salvador nos próximos meses.

    Documento feito pelos especialistas, obtido pela Folha, fala em "condições precárias de uso e conservação" de parte do conjunto arquitetônico. O Iphan, órgão federal de gestão do patrimônio histórico, avalia que cerca de cem dos 5.000 casarões do centro antigo correm risco –alguns têm só a fachada e outros, embora deteriorados, ainda abrigam famílias.

    No material enviado à Unesco, representantes de Instituto dos Arquitetos do Brasil, Conselho de Arquitetura e Urbanismo da Bahia e Sintarq (sindicato de arquitetos e urbanistas baianos) demonstram preocupação quanto às recentes demolições de casarões nas ladeiras da Montanha e da Conceição e citam a área como alvo de especulação imobiliária.

    No total, 31 casarões foram demolidos pela gestão do prefeito ACM Neto (DEM) após deslizamento de terra próximo ao Elevador Lacerda, que resultou em uma morte. O Iphan diz que os imóveis não tinham mais valor que justificasse sua preservação.

    As entidades dizem que, nos últimos 15 anos, as ações de conservação do centro histórico têm sido pontuais e que a revitalização que mudou a face do Pelourinho nos anos 1990 está parada há dez anos.

    "Não queremos que o centro histórico de Salvador perca o título de patrimônio. Mas sentimos que era necessário pressionar por uma ação efetiva do poder público", afirmou Solange Araújo, presidente do IAB na Bahia.

    A lista da Unesco de patrimônios em risco inclui 48 sítios, nenhum no Brasil. Até hoje, apenas dois perderam o título: a cidade de Dresden, na Alemanha, e o Santuário do Órix da Arábia, em Omã.

    Coordenadora de cultura da Unesco no Brasil, Patrícia Reis diz não ver risco de perda do título de patrimônio, mas afirma que é preciso uma "reflexão profunda".

    O secretário de Cultura e Turismo de Salvador, Érico Mendonça, afirma que uma possível missão da Unesco na cidade pode ser benéfica ao reforçar parcerias entre as três esferas de governo.

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