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    Rio de Janeiro

    Ilha de Paquetá, no Rio, tem cemitério poético com sepulturas para pássaros

    BRUNA FANTTI
    DO RIO

    19/07/2015 02h00

    Os túmulos bicentenários –para humanos– servem como referência para se chegar à praça onde fica o Cemitério dos Pássaros de Paquetá.

    Localizado na ilha de Paquetá, a pouco mais de 15 km do centro do Rio, o cemitério abriga pássaros como canários, sabiás e pombos.

    Os moradores juram que o cemitério é o único para pássaros em todo o mundo.

    As 24 tumbas foram colocadas em 1940 pelo artista plástico Pedro Paulo Bruno (1888-1949). Para homenageá-lo, há um busto de ferro no terminal de barcas, principal acesso ao local.

    Na ilha, onde transporte é bicicleta e charrete, o cemitério fica na rua Joaquim Manoel de Macedo (1820-1882), autor que usou Paquetá como cenário para o romance "A Moreninha" (1844).

    O cemitério tem ainda uma "vantagem ecológica". "É só colocar o bichinho no jazigo que, com 15 dias de sol, só ficam as penas. Assim, o túmulo é reutilizado", diz Aldemírio Penha da Encarnação, 85, levantando uma das tampas.

    Chamado de Seu Encarnação, ele cuida do local desde os anos 50. Dividia a função com o amigo Theófilo de Souza, morto em 2013.

    A filha de Theófilo também herdou a função e treina a neta, de seis anos, para manter o reduto preservado. "Todo o trabalho é gratuito", explica.

    Segundo Encarnação, cerca de dez pássaros são enterrados por mês, por pessoas que vêm do Brasil inteiro. "Uma vez uma senhora trouxe um papagaio, congelado, de São Paulo. Enterrou e foi embora, comovida".

    O local tem um painel com várias poesias sobre aves. O clima poético é encontrado já na placa de entrada, com um pássaro desenhado, que traz a frase: "Estou cantando para alegrar meus companheiros".

    O cemitério tem outras funções. Segundo seu zelador, lá são realizados saraus, piqueniques e jantares. "É um cemitério acolhedor, em que todos querem estar ainda em vida", diz Seu Encarnação, que não gosta de ser chamado de coveiro.

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