• Cotidiano

    Sunday, 05-May-2024 16:31:55 -03

    Evento de arquitetura transforma praça de SP em espaço para crianças

    LEONARDO NEIVA
    COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

    19/07/2015 22h30

    Uma intervenção cultural organizada por estudantes de arquitetura de todo o Brasil neste domingo (19) levou móveis e brinquedos para a praça Júlio de Mesquita, na República, centro de São Paulo.

    O local ganhou cadeiras, mesas, balanços de pneu, traves de futebol e uma amarelinha feita de giz, tudo bastante colorido e disputado pelas crianças, que também receberam bolas e livros. Durante a tarde, os visitantes puderam participar de um piquenique e de palestras com representantes de movimentos sociais.

    O evento faz parte do Senemau (Seminário Nacional de Escritórios Modelo de Arquitetura e Urbanismo), encontro que acontece a cada ano em uma cidade diferente do país, no qual estudantes trocam experiências e debatem os rumos da arquitetura.

    No evento, os alunos aproveitam para desenvolver projetos envolvendo comunidades carentes. Em São Paulo, a proposta foi ocupar um lugar que tivesse poucas condições de uso para os moradores.

    No sábado (18), os alunos passaram pelo local e conversaram com moradores da região sobre suas necessidades e as expectativas para a praça. "Viemos para entender a dinâmica de quem vive aqui", afirma a estudante de arquitetura Bianca Jo, 22, uma das organizadoras do evento. Devido ao grande número de crianças que moram na região, eles decidiram criar um espaço voltado para elas.

    Segundo a estudante Jéssica Spadoni, 25, tudo foi feito com a ajuda de moradores de rua e crianças. "Senti uma reação muito positiva de todos os moradores", disse a jovem, que veio de Cuiabá para ajudar no projeto.

    Daniel Mobilia - 2.mai.2013/Folhapress
    Fonte Monumental, na praça da República (centro), antes de ser cercada por vidros de proteção
    Fonte Monumental, na praça da República (centro), ao ser inaugurada após restauração

    Os organizadores do evento fizeram um pedido de fechamento das ruas do entorno à CET (Companhia de Engenharia de Tráfego) e conseguiram instalar banheiros químicos na praça com a ajuda da prefeitura.

    Diomar Gomes, 38, aprovou a mudança. "Passo sempre por aqui à noite com as crianças, mas geralmente não tem nada para fazer", conta a dona de casa, que neste domingo foi à praça com seu filho de 1 ano e seis sobrinhos, além de amigos e familiares.

    "A praça estava precisando muito disso", diz a aposentada Daluz Godóis, 68. "As crianças vinham aqui e não tinham nem um banco para sentar, não tinham nada".

    Nem todos, porém, gostaram da intervenção. A Vovó Angolinha, 76, como prefere ser chamada, foi até a praça porque estava incomodada com o barulho que as crianças faziam. "Criança é luz, mas criança brincando acaba com tudo", afirmou, temendo que elas pudessem destruir as árvores da praça.

    A PRAÇA

    Não há bancos na Praça Júlio de Mesquita. Seu chafariz, tombado pelo patrimônio histórico, está fechado por placas de vidro desde 2013, ano em que foi restaurado. Antes disso, a Fonte Monumental já havia passado por diversas reformas, mas continuou sendo alvo de vandalismo. Em 2014, as placas foram destruídas e precisaram ser reinstaladas.

    Segundo o estudante Antônio Junqueira, 21, alguns moradores também disseram preferir que a fonte, que permanece sem água, continue fechada para evitar depredações. Outros temem que a instalação de bancos atraia moradores de rua para o local.

    "Qual a razão de ter uma fonte que não funciona no meio da praça?", questiona Junqueira. "Seria melhor então colocá-la em um museu porque aqui ela não cumpre seu papel funcional de fonte", afirmou.

    As cadeiras e brinquedos montados pelos jovens continuarão na praça durante os próximos dias.

    Fale com a Redação - leitor@grupofolha.com.br

    Problemas no aplicativo? - novasplataformas@grupofolha.com.br

    Publicidade

    Folha de S.Paulo 2024