O prefeito Fernando Haddad (PT) disse nesta terça-feira (21) que a redução da velocidade nas marginais Pinheiros e Tietê pode ser revista. A alteração foi implementada nesta segunda-feira (20), e gerou polêmica na capital paulista.

"A sociedade vai acompanhar [os resultados da mudança] e depois vai poder consolidar essa política ou revê-la, se for o caso", disse o prefeito de São Paulo em entrevista à Rádio Estadão.

O petista participou de encontro entre representantes de cidades de vários países com o papa Francisco para discutir medidas de proteção ao ambiente.

Ainda de acordo com Haddad, "a intenção da CET [Companhia de Engenharia de Tráfego] é, ao diminuir o número de acidentes, melhorar a velocidade média dos veículos". A "experiência", segundo ele, já foi testada em cidades como Nova York (EUA), Paris (França) e Roma (Itália), onde o encontro foi realizado.

"É bastante lógico pelo menos experimentar, para verificar se pela diminuição da velocidade máxima se consegue uma velocidade média maior. Com menos acidentes, você garante que as faixas de rolamento fiquem livres por mais tempo, impedindo o trânsito que é causado pelos acidentes." "As vezes, um pequeno acidente na marginal acaba tendo consequências graves para o trânsito", completou.

O prefeito afirmou ainda que a prefeitura vai divulgar depois os resultados obtidos com a redução da velocidade nas vias, "porque o que interessa é a transparência".

	Marlene Bergamo/Folhapress
	Placas mostram novos limites de velocidade na pista expressa da marginal Tietê

VELOCIDADE

A velocidade máxima permitida foi reduzida nas marginais Pinheiros e Tietê nesta segunda. Nas pistas expressas das marginais, a máxima permitida caiu de 90 km/h para 70 km/h; na central, de 70 km/h para 60 km/h; na local, de 70 km/h para 50 km/h.

A medida foi definida pela gestão Fernando Haddad (PT) com a justificativa de reduzir os acidentes. As marginais Tietê e Pinheiros são as campeãs em vítimas do trânsito na capital –em 2014, deixaram 73 mortos e 1.399 feridos.

Nesta segunda, motoristas e motociclistas já encontravam formas de se adaptar à nova regra. Para driblar as multas, alguns veículos trafegam no modo "acelera-e-freia": andam acima da velocidade permitida e só reduzem quando se aproximam dos radares.

Apesar das placas que informam as novas velocidades ao longo das vias, a Folha presenciou carros, caminhões e motocicletas trafegando nas máximas antigas. Motoristas que rodam pelas vias também disseram que há motociclistas que tampam suas placas com as mãos para impedir a identificação pelos radares.

A diminuição dos limites tem a aprovação majoritária de especialistas em trânsito, mas parte deles avalia que ela foi mais drástica do que seria necessário.

Eles citam que os novos limites podem causar confusão por não seguirem a regra nacional para esse tipo de via –o código de trânsito adota padrão de 80 km/h para carros na pista expressa.

Também afirmam que pode haver mais acidentes se os motoristas continuarem freando em cima dos radares, e que o foco da fiscalização deveria ser voltado aos motoristas que já desrespeitavam os limites antigos e causavam acidentes mais graves.

O diretor de planejamento da CET (Companhia de Engenharia de Tráfego), Tadeu Leite Duarte, afirmou na segunda que as "freadas bruscas" e o "anda e para" diminuíram com os novos limites.

TRÂNSITO

Em relação aos congestionamentos, engenheiros de tráfego não esperam prejuízo tão significativo até porque a velocidade média nas marginais na hora do rush já fica muito abaixo dos novos limites.

Nos horários de pico, a velocidade média dos carros nas duas marginais no sentido de maior movimento é inferior a 25 km/h. Mas pela manhã, no contra fluxo, relatório da CET mostra que eles andam a 52,5 km/h.

Ao avaliar as primeiras horas com os novos limites, Duarte afirmou que "aparentemente não ocorreu impacto ao trânsito" com a mudança, pois os veículos passaram a trafegar mais próximos uns dos outros.

	Editoria de Arte/Folhapress