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    Alckmin nega antecipação de dados positivos sobre violência em SP

    GABRIELY ARAUJO
    DE SÃO PAULO

    25/07/2015 15h22

    O governador Geraldo Alckmin (PSDB) negou neste sábado (25) que dados sobre o balanço mensal de estatísticas da violência tenham sido antecipados.

    "Não está antecipado. Hoje é dia 25. Nós somos o único Estado brasileiro que publica todo mês o [levantamento do] mês anterior. Então, dia 25 a gente publica o mês anterior, por região, por cidade, por bairro, dados ruins e dados bons, tudo transparente", disse, em evento neste sábado (25) na capital paulista.

    Todos os meses, e de uma só vez, a Secretaria Estadual da Segurança Pública divulga um levantamento detalhado de crimes. Neste mês, porém, a pasta antecipou apenas dados positivos sobre roubos de carga, na quinta-feira (23), e de homicídios, na sexta-feira (24).

    E, ao contrário do que diz o governador, os demais índices referentes a junho, como latrocínio (roubo seguido de morte), roubos em geral e estupro, somente serão divulgados na próxima segunda (27).

    O número de ocorrências de homicídios dolosos (quando há a intenção de matar) caiu 12% no Estado de São Paulo no primeiro semestre deste ano, segundo a parte do balanço mensal antecipada pelo governo. Foram 1.931 casos neste ano, ante 2.185 nos primeiros seis meses do ano passado.

    Na tarde deste sábado, a Secretaria de Segurança Pública também divulgou nota sobre a antecipação dos dados:

    Lamentável a tentativa da Folha de S. Paulo de tentar desqualificar a expressiva queda nos homicídios no Estado. Em primeiro lugar, ao contrário do que diz a reportagem, houve outras ocasiões em que a divulgação de estatísticas criminais foi antecipada. Em segundo, soa bizarro dar espaço, na reportagem, a especialistas que sustentam a improvável hipótese de que os assassinatos caíram não pelo esforço policial, mas por influência e hegemonia do crime organizado! Trata-se de um intelectualismo barato que desconhece a realidade e é desmentido pelos números. Fosse isso verdade, os homicídios teriam caído em todos os estados que ostentam taxas de assassinatos crescentes e muito superiores às de São Paulo.

    Infográfico Homicídios no 1º semestre

    Já o número de roubo de cargas recuou em junho deste em comparação com o mesmo período do ano passado no Estado, capital e Grande SP.

    Apesar da queda em junho, houve um aumento de casos no acumulado do primeiro semestre deste ano com o de 2014 no Estado e na capital. Segundo dados da secretaria, nos primeiros seis meses deste ano, o Estado registrou 4.422 casos ante 4.300 em 2014 -aumento de 2,84%.

    COMEMORAÇÃO

    Especialistas afirmam que a queda nos homicídios em SP deve ser comemorada.

    "Mas ainda temos que diminuir os homicídios causados por intervenção policial, porque temos uma polícia que mata muito", disse o diretor-executivo do Instituto Sou da Paz, Ivan Marques.

    No primeiro trimestre, 194 pessoas foram mortas em SP por policiais em serviço.

    Marques apontou que a implantação de mais políticas de controle de armas e condutas de paz poderiam evitar mortes em brigas familiares e entre vizinhos, por exemplo, e melhorar os índices.

    Conselheiro do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, Luis Flávio Sapori afirma que o principal motivo para a queda é o fortalecimento da facção criminosa PCC (Primeiro Comando da Capital).

    "O tráfico de drogas parou de matar. Ele continua forte, mas há uma moralidade institucionalizada que não permite mais matar por qualquer motivo banal, como uma dívida de drogas", afirmou.

    Para ele, a estrutura da facção deve manter baixa a taxa de homicídios nos próximos anos. "O PCC está se consolidando, e a monopolização do mercado das drogas ilícitas no Estado deve perdurar. Esse é um fenômeno que também ocorreu com as máfias na Europa", afirma Sapori.

    Ele avalia que a diminuição nos homicídios em São Paulo é o fenômeno mais expressivo da segurança pública nacional nas últimas décadas.

    Para ele, apenas uma mudança na legislação penal e processual será capaz de melhorar ainda mais esses números nos próximos anos.

    OPOSIÇÃO

    Na tentativa de disputar novamente a sucessão ao Planalto, Alckmin formou uma equipe para auxiliá-lo na elaboração de um discurso nacional e de um programa de governo para a disputa.

    Em esforço para imprimir a imagem de líder da oposição com alcance no Brasil, ele montou um grupo para análise da conjuntura nacional e estrutura um plano com propostas de sua gestão que possam ser adotadas no país.

    Alckmin, que participou da inauguração de um parque da Sabesp no bairro do Butantã, zona oeste de São Paulo, na manhã deste sábado, também afirmou que a prioridade é preservar e gerar empregos no país.

    "Estamos em um quadro dramático, o setor de infraestrutura e logística será fundamental para criar empregos o país. Ferrovias, rodovias, portos, aeroportos e saneamento básico", afirmou.

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