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    Símbolos de NY, táxis amarelos amargam derrotas para aplicativo

    THAIS BILENKY
    DE NOVA YORK

    03/08/2015 02h00

    Pastor assistente de uma igreja protestante em Nova York, o paranaense Luiz Roberto Paes, 47, decidiu há cinco anos tentar aumentar sua renda. Tirou a carteira de habilitação comercial e, quando tentou comprar a licença para dirigir o famoso táxi amarelo, deu meia-volta.

    O medalhão, como é chamada a licença, custava mais de US$ 1 milhão (cerca de R$ 3,4 milhões atualmente). Se quisesse alugar um carro, pagaria US$ 400 por semana. E ainda arcaria com as despesas básicas com manutenção, lavagem e combustível. "É um regime de escravidão."

    Aderiu ao Uber, mas desistiu após um ano e meio. O motivo: caso não tirasse nota máxima no sistema de avaliação dos passageiros, precisava pagar US$ 100 em um curso de reciclagem oferecido pelo aplicativo. O brasileiro esteve dos dois lados de um imbróglio que se arrasta há meses na cidade.

    Símbolo de Nova York, os táxis amarelos amargaram derrotas seguidas. A concorrência com o Uber está levando à ociosidade de 10% dos carros licenciados, disse ao jornal "Wall Street Journal" a Greater New York Taxi Association, que reúne os donos de 3.000 medalhões.

    A frota é fixa em cerca de 13 mil carros, e o preço do medalhão vem caindo –está em cerca de US$ 800 mil. O empresário Evgeny "Gene" Freidman, magnata do setor com cerca de 1.000 medalhões (o número não é revelado oficialmente), anunciou que está pedindo a falência de várias de suas empresas.

    Para completar, na semana passada, a tentativa de limitar a frota do Uber na cidade também foi frustrada. Diante da defesa enérgica de usuários –incluindo celebridades–, o prefeito Bill de Blasio precisou adiar qualquer decisão para depois da conclusão de um estudo sobre o impacto do Uber no trânsito da cidade.

    Democrata de discurso mais radical, De Blasio vinha atacando o Uber por sua volúpia capitalista e por não prever benefícios trabalhistas aos motoristas, além de ignorar as regras e leis existentes.
    "A Uber é uma corporação multibilionária e está se comportando como tal", declarou.

    A empresa responde que democratiza o transporte em regiões onde o sistema tradicional não chega, além de ser fonte crescente de empregos.

    Defensores do Uber afirmam que o ataque do prefeito é resultado das doações que ele recebeu das empresas de táxi durante a campanha eleitoral em 2013. Mas, para essas companhias, de Blasio cumpre o seu dever ao procurar garantir a competitividade do setor em Nova York.

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