• Cotidiano

    Friday, 03-May-2024 13:40:12 -03

    Militantes fazem duelo entre músicas LGBT e Pai Nosso em frente à Câmara

    ARTUR RODRIGUES
    DE SÃO PAULO

    11/08/2015 16h43

    "Por trás do silicone também bate um coração", cantava de cima de um carro de som o grupo a favor da diversidade sexual, enquanto religiosos rezavam o Pai Nosso contra a "ideologia de gênero".

    O viaduto Jacareí, em frente à Câmara Municipal de São Paulo, foi dividido entre grupos a favor de que a questão de gênero seja tratada nas escolas e os que são contra na tarde desta terça-feira (11).

    O Plano Municipal de Educação tem primeira votação marcada para esta terça. Em junho, pressionados, vereadores da Comissão de Finanças já retiraram a palavra gênero do texto de 50 páginas.

    Para grupos religiosos, é uma intrusão do Estado na formação das crianças tratar de assuntos como a diferenciação entre cisgênero (que se identifica com o próprio sexo) e transgênero (que não se identificam), por exemplo.

    "Não tenho nada contra se as pessoas virarem homossexuais quando estiverem adultos, mas sou contra o Estado confundir a cabeça de crianças pequenas", afirmou a publicitária Sheila Graaff, 42, frequentadora da Paróquia Nossa Senhora do Brasil. "Cada família tem valores que querem passar para os filhos".

    Usando um terno marrom e uma faixa sobre o peito, integrantes do Instituto Plínio Correia de Oliveira, grupo formado por fundadores da TFP (Tradição, Família e Propriedade), afirmaram que só deixariam de protestar quando o plano de educação fosse votado em segunda e houvesse a garantia que a questão de gênero não fosse incluída novamente.

    "A família é a célula básica da sociedade, estão querendo deturpar a família incluindo a questão de gênero", disse.

    Enquanto isso, sobre o carro de som, um padre afirmava que os militantes LGBT estavam sendo "usados" e que esperava encontrá-los todos convertidos no céu.

    Do outro lado, um grupo menor, formado por estudantes e militantes da causa gay, se esforçavam para não ter suas falas encobertas pelos cantos religiosos.

    Membro da Associação da Parada LGBT, o tecnólogo ambiental Nelson Matias Pereira, 49, afirmou que os religiosos estavam sendo "sacanas" ao tentar fazer parecer que o grupo queria impor sua visão. "Nós só queremos que a criança saiba definir o que é gênero e respeitar isso. É só isso que a gente quer, respeito", afirmou.

    Para o porteiro Gilson Rodrigues, 49, a retirada da questão de gênero do plano de educação deve ajudar a intensificar o preconceito. "A pessoa já nasce gay, lésbica, transgênero", disse.

    Fale com a Redação - leitor@grupofolha.com.br

    Problemas no aplicativo? - novasplataformas@grupofolha.com.br

    Publicidade

    Folha de S.Paulo 2024