Cápsulas de três diferentes calibres de armas foram encontradas próximo aos corpos das vítimas: 9 mm (de uso das Forças Armadas) e 38 e 380, de uso de guardas civis metropolitanos.

"É um fato grave e será investigado de forma diferenciada", disse o secretário.

Nos casos desta quinta-feira, as ações foram semelhantes. Homens encapuzados estacionaram um carro, desembarcaram e dispararam vários tiros contra as vítimas. Em alguns locais dos crimes, testemunhas disseram que os assassinos perguntaram por antecedentes criminais, o que definia vida ou morte das pessoas.

Em Osasco, no bairro Munhoz Junior, uma chacina deixou oito mortos em um bar, por volta das 20h30. Cinco horas depois, quando a reportagem da Folha passou pelo local, vários moradores ainda olhavam assustados a cena do crime.

Um homem que não quis se identificar disse que uma das vítimas trabalhava como auxiliar de indústria e costumava parar no bar para tomar um conhaque antes de ir para casa. Outra moradora falou que um dos baleados morreu sentado na cadeira, do lado de fora do estabelecimento.

'NUNCA VI'

No local, espantando diante da cena, um dos peritos da Polícia Civil disse: "Nunca vi uma noite com tantos mortos em São Paulo". Várias equipes trabalharam durante toda a madrugada na investigação.

Ainda em Osasco, mas desta vez no Jardim Elvira, um jovem foi morto em frente a uma sorveteria. Três parentes gritavam e se abraçavam de desespero próximos ao corpo da vítima.

TRAGÉDIA REPETIDA

Mais à frente, a pouco mais de 5 km, o técnico de celulares Jorge Ferreira, 31, chorava baixinho a morte do único irmão. Davidson Lopes Ferreira, 26, fora encontrado morto com mais de dez tiros, na Vila Menck.

Segundo Ferreira, um amigo que acompanhava Davidson disse que conversava com uma pessoa quando ouviu o barulho de tiros. Em seguida, viu o amigo baleado e os assassinos fugindo em uma moto.

Ferreira lembra com tristeza que esta é a segunda vez que um parente é assassinado. "Quando eu tinha 13 anos meu pai também foi morto. Aí eu passei a cuidar do meu irmão. A gente morava no mesmo quintal."

"Fico triste porque o meu irmão morreu e alegre porque ele não fazia mal a ninguém", disse, chorando.

Outros ataques em pontos diferentes da mesma cidade deixaram mais cinco mortos e sete feridos.

TOUCAS NINJAS

Na vizinha Barueri, duas pessoas foram mortas a tiros em um bar, no Parque dos Camargos. O dono do bar disse que cerca de dez pessoas estavam no local, quando quatro homens, com toucas ninjas, desembarcaram de um carro.

Os assassinos perguntaram quem tinha passagem pela polícia e atiraram em duas pessoas. O restante dos clientes fugiu do local. O bar possui câmeras de segurança, e as imagens foram entregues à Polícia Civil.

Ainda em Barueri, outro homem foi assassinado na Vila Engenho Novo. Testemunhas disseram à Guarda Civil Municipal que ocupantes de um carro preto dispararam vários tiros contra a vítima.

Segundo a GCM, após a vítima cair no chão, os assassinos desembarcaram do carro e foram se certificar se ele estava morto.

Tanto em Barueri como em Osasco, os feridos foram levados pelo Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência) a diferentes hospitais. Os mortos serão levados ao IML (Instituto Médico Legal) de Osasco. A Polícia Civil não confirma se os casos têm ligação.

MORTE EM ITAPEVI

O IML (Instituto Médico Legal) de Osasco não reconheceu como sendo da chacina o corpo de um homem morto em circunstâncias semelhantes à dos outros crimes na região. O secretário da Segurança Pública, Alexandre de Moraes, também descartou que o crime tivesse relação com a chacina.

O ajudante geral Sandro Afonso, 34, levou quatro tiros, três no peito e um na cabeça, na noite de quinta-feira (13) em Itapevi, cidade próxima à Osasco e Barueri, onde houve as demais mortes. Mas não entrou na lista das mortes na chacina, segundo o IML.

"Foi parecido com os outros crimes. Por que não considerar?", disse um amigo do pai, que não quis se identificar.

O pai, Hélio Afonso, 68, soube as 7h desta sexta que o filho havia sido morto. Ele era usuário de drogas e havia sido preso por tráfico –e solto há cerca de um ano. O corpo estava em um ponto conhecido por tráfico na periferia de Itapevi. "Ontem ele estava bem, em casa. Não sei como isso aconteceu", disse Hélio. O rapaz é filho único e morava com o pai.

Comentários

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Welbi

15/08/2015 16h33

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Diante de um caso tão grave, o governador Geraldo Alckmin agiu prontamente e instalou uma força tarefa para esclarecer o mais rápido possível os assassinatos e prender os envolvidos. Além dos órgãos de segurança pública, o Ministério Público Estadual também auxiliará nas investigações. O governo de SP também reforçou o policiamento na região onde a chacina ocorreu. Agora é aguardar o resultado das investigações e a prisão dos envolvidos.

Marcao

15/08/2015 12h05

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Recebi varias criticas pois fiz a pergunta....O que um trabalhador faz no bar altas horas da noite no meio da semana....chamaram de preconceituoso e outros. Talves me expressei mal....tambem moro na periferia da grande São Paulo, já frequentei bares a noite tambem...apos acontecer uma bronca igual e não na mesma proporção, me afastei..Nesta região já houve outras chacinas em virtude de mortes de policiais....nesses ultimos dias houve duas...um pm e um gcm...o pessoal deveria ficar esperto

Ernesto Branco

14/08/2015 22h45

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Ao ba/ndo de disléxicos que se digladiaram sobre meu comentário reafirmo. É para ter saudades sim da época dos go/vernos mi/litares. Querer comparar o ho/rror que vivenciamos hoje com o que acontecia nos anos 60/70 é de uma imb/ecili/dade total. Não disse que não tem P M's neste fato dantesco, mas sim que por culpa dos go/vernos da esqu/erda inco/mpetente e cor/rupta dos últimos 20 anos, tanto a sociedade como as nossas forças de segurança foram completamente destruídas, aniquiladas. Sabem ler?

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