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    México regulamenta o aplicativo Uber, mas ataques a carros continuam

    ALEJANDRA INZUNZA
    COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, DA CIDADE DO MÉXICO

    16/08/2015 02h00

    Cerca de 250 pessoas cercam cinco carros com paus, pedras e pedaços de ferro. Vidros são quebrados, lanternas, danificadas, e pneus, furados. Outros três veículos são alvo de uma chuva de ovos e farinha.

    Os alvos do ataque –que não resultou em prisão– eram veículos do Uber, aplicativo de transporte particular.

    O ataque, seguido de um protesto, ocorreu no último dia 29 nos arredores do Aeroporto Internacional da Cidade do México.

    Ele ilustra a dificuldade de pacificar a relação entre taxistas e motoristas dos aplicativos –como também ocorre em São Paulo, onde, no sábado (8), um condutor foi sequestrado e agredido.

    Adan Gutierrez/Reuters
    Taxista do México pinta vidro de carro com frase de protesto contra o aplicativo Uber
    Taxista do México pinta vidro de carro com frase de protesto contra o aplicativo Uber

    No México, o ataque ocorreu duas semanas após a capital do país se tornar a primeira do mundo a regulamentar o Uber e o Cabify, outro aplicativo similar.

    A Secretaria de Transporte criou um cadastro de aplicativos e plataformas digitais para os serviços.

    Os chamados "táxis de luxo" podem agora ser registrados junto por 4.617 pesos (aproximadamente R$ 980). Para empresas, o valor cobrado é de 1.599 pesos (cerca de R$ 340,00) por veículo.

    O regulamento também especifica que os carros do Uber ou Cabify não podem receber dinheiro em espécie, pegar passageiro na rua ou esperar passageiros em locais como aeroportos.

    "Nos próximos dois meses, teremos o número de cadastrados", diz o secretário de Transporte, Héctor Serrano.

    "Queremos entender como [os aplicativos] prestam esses serviços e como afetam a mobilidade na cidade."
    Até agora, cerca de 7.000 veículos do Uber e mil do Cabify fizeram o cadastro.

    Segundo Serrano, o registro dos veículos trará ao governo local uma arrecadação entre 40 e 60 milhões de pesos (de R$ 8,5 a R$ 12,7 milhões, aproximadamente), por meio do Fundo para o Táxi, a Mobilidade e o Pedestre.

    A estimativa corresponde a 1,5% do total arrecadado nas viagens pelos aplicativos.

    O Uber calcula que, na Cidade do México, existam cerca de 300 mil usuários.

    PREFERÊNCIA

    Entre as razões citadas por passageiros do Uber na cidade para o uso do serviço estão casos de crimes ou de golpes aplicados por taxistas, que não cobram preços tabelados.

    "Eu prefiro usar um aplicativo seguro do que pegar um táxi na rua, que pode me roubar ou inclusive me sequestrar", diz Isaac Gamba, usuário de Uber há dois anos, quando o serviço da startup americana chegou à cidade.

    Já Daniel Medina, porta-voz da Associação de Taxistas Organizados no Distrito Federal, diz que os aplicativos prestam um serviço de transporte sem a concessão devida, além de não pagarem a mesma quantidade de imposto que os táxis.

    "É completamente ilegal e desleal. Não vamos parar até que saiam das ruas ou tenham as mesmas obrigações legais e fiscais que nós", diz.

    AGRESSÕES

    A guerra pelos passageiros se repete em Guadalajara, onde também há a expectativa de legalização dos aplicativos.

    No último dia 5, homens mascarados e armados assaltaram condutores do Uber e roubaram os veículos.

    Segundo o porta-voz do aplicativo, José Eseverri, cinco motoristas foram atacados perto do aeroporto da cidade em dois episódios diferentes. Os agressores queriam saber a localização de outros condutores. Sequestraram quatro motoristas por duas horas e os largaram na periferia. "É um ataque gravíssimo à liberdade e ao direito da livre iniciativa", disse a empresa em comunicado oficial.

    Recentemente, Aristoteles Sandoval, governador Estado de Jalisco, onde fica Guadalajara, manifestou-se favoravelmente à regulamentação dos aplicativos.

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