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    Homem morre após ser atropelado por ciclista perto de ciclovia sob Minhocão

    FERNANDA PEREIRA NEVES
    THIAGO AMÂNCIO
    DE SÃO PAULO

    19/08/2015 09h42

    Moacyr Lopes Junior/Folhapress
    Florisvaldo Carvalho da Rocha, 78, morreu após ser atropelado por um ciclista na ciclovia sob o Minhocão, na região central de São Paulo
    Idoso morreu após ser atropelado por um ciclista na ciclovia sob o Minhocão, no centro de São Paulo

    Um homem de 78 anos morreu após ser atropelado por um ciclista no entorno da ciclovia sob o Elevado Costa e Silva, conhecido como Minhocão, na região central de São Paulo. Este é o segundo caso de atropelamento em circunstâncias parecidas em três dias (no outro, um garoto de 9 anos morreu após ser atingido por uma micro-ônibus).

    O acidente aconteceu na avenida General Olímpio da Silveira, quando Florisvaldo Carvalho da Rocha ia comprar pão em supermercado e acabou atropelado pelo ciclista Gilmar Raimundo Alencar, 45, administrador de fazendas.

    Rocha estava na ilha de pedestres, prestes a atravessar a rua, quando foi atropelado próximo à sua casa, por volta das 15h desta segunda-feira (17). "Ele [o ciclista] socorreu, acompanhou tudo, mas ele teve ao escoriações e meu pai perdeu a vida", disse o filho mais velho de Rocha, Eduardo Carvalho Rocha, 39, administrador de empresas.

    A Santa Casa de São Paulo disse, em nota, que Rocha deu entrada no hospital com politraumatismo, trauma cranioencefálico grave, por volta das 15h25, e morreu por volta das 17h50 da última segunda-feira (17).

    Casado e pai de dois filhos, Rocha havia completado 78 anos no dia 10 de agosto. Aposentado, trabalhou boa parte de sua vida como zelador e morava na região havia mais de dez anos. "Em 10 de agosto eu estava com o meu pai, comemorando o aniversário dele. Agora, uma semana depois, eu estou enterrando ele. E por uma coisa estupida", disse o filho de Rocha.

    Segundo o filho, o pai conhecia bem o local e também era bem conhecido. "É um lugar com pilastras, falta sinalização, apesar de ser um bairro de pessoas idosas. A gente sabe que a população brasileira está envelhecendo e você não tem nada para orientar essas pessoas. Só colocaram a faixa de pedestres e pronto, não fala nada, não orienta ninguém."

    O corpo de Rocha foi velado no cemitério do Araçá, região central da capital paulista, e enterrado por volta das 14h no cemitério da Vila Alpina. "A família está destruída, principalmente da forma como aconteceu. Foi algo banal que poderia ter sido evitado se houvesse mais planejamento", disse Antônio Linhares, 39, advogado e amigo da família.

    CICLISTA

    A polícia informou que o ciclista Gilmar Raimundo Alencar, que prestou depoimento no 23° DP no começo da tarde desta quarta, vai responder por homicídio culposo (quando não há intenção de matar). Lupércio Dimov, delegado responsável pelo caso, disse que Alencar vai responder ao processo em liberdade "até porque nem tem razão para ele ser preso".

    "Apurar culpabilidade aí fica meio temerário. Quem colocou o ciclista para andar ali, quem montou a pista e pôs ele para andar ali, tinha a presunção de que ele estava seguro, presume-se que ele tinha segurança", disse o delegado.

    "A prefeitura tem que se preocupar com campanhas educativas, não impor as coisas, colocar uma ciclovia e pronto. Tem que ter consciência que tem pessoas idosas, pessoas passando o tempo todo. Precisa conscientizar o ciclista, explicar para as pessoas idosas. Faltou informação e planejamento. Tem pilastras que viram pontos cegos para o pedestre", disse o filho de Rocha.

    "Foi um ciclista de 45 anos, uma pessoa consciente, não um menor de idade. Você está numa região com muito pedestre, tem que ter um pouco de sensibilidade e passar numa velocidade moderada. Caso contrário, você pode pegar uma pessoa idosa, com 78 anos e essa pessoa é arremessada, tem a cabeça atingida por um guidão de bicicleta, como aconteceu com meu pai", completou.

    O ciclista disse que foi ao hospital nesta terça para visitar Rocha, quando descobriu que ele havia morrido. "Fiquei muito abalado. Vou ver o que posso fazer para prestar o máximo de auxílio à família", disse Alencar.

    A Prefeitura de São Paulo disse, em nota, que "lamenta profundamente a morte de Florisvaldo Carvalho da Rocha e irá acompanhar as investigações da Polícia Civil a respeito das circunstâncias do atropelamento e da responsabilidade do ciclista".

    POLÊMICA

    Essa área embaixo do elevado Costa e Silva teve que ser alargada em alguns pontos para acomodar os dois sentidos da ciclovia e os pontos de ônibus do corredor exclusivo que já existia no local.

    Inaugurada no último dia 9, a ciclovia debaixo do Minhocão tem 4,1 km de extensão e liga a praça Roosevelt ao terminal de ônibus e metrô da Barra Funda, na zona oeste de São Paulo.

    A ciclovia passa pelas rua Amaral Gurgel e pelas avenidas São João, General Olímpio da Silveira e Auro de Moura Andrade e fica boa parte do percurso no canteiro central.

    OUTROS CASOS

    Um garoto de 9 anos morreu após ser atropelado por um micro-ônibus na avenida Bento Guelfi, na zona leste de São Paulo, no último domingo (15).

    Instalada pela prefeitura no bairro Iguatemi (zona leste), a ciclovia passa pelo meio da avenida Bento Guelfi em quase todo o trajeto. A faixa, com aproximadamente três quilômetros, começa no meio da pista. Após dois quilômetros, é desviada para o lado direito por cerca de 500 metros e depois retorna para o meio da avenida.

    Moradores de São Mateus (zona leste) queimaram um carro e fecharam parte da avenida Bento Guelfi em protesto contra a morte do garoto.

    Reprodução/TV Globo
    Moradores de São Mateus protestam contra morte de garoto em ciclovia
    Moradores de São Mateus protestam contra morte de garoto em ciclovia

    Colaborou SIDNEY GONÇALVES DO CARMO

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