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    Análise

    Quem pedala precisa saber conviver com elo mais frágil

    ARTUR RODRIGUES
    DE SÃO PAULO

    19/08/2015 12h55

    Todos os dias venho para o trabalho pedalando pela ciclovia do Minhocão.

    Tanto para ciclistas quanto para pedestres a ciclovia passou a ser uma opção –para os primeiros, ao trânsito selvagem das ruas do centro, e para os últimos, às calçadas sofríveis da região. Afinal, é uma superfície lisa, limpa e com boa iluminação, coisa rara na cidade de São Paulo.

    Mesmo antes de um ciclista atropelar e matar um pedestre na via, já havia um certo estranhamento entre quem pedala e quem anda debaixo do Minhocão, fruto da novidade.

    Há pontos de ônibus que obrigam pedestres, muitos deles idosos, alguns com bengalas e andadores, a seguir um trecho a pé pela ciclovia. Ao mesmo tempo, a ciclovia permite que as bicicletas desenvolvam certa velocidade.

    Para os ciclistas, é perfeitamente possível conviver com os pedestres, apesar dos pontos cegos causados pelas pilastras do Minhocão. Mesmo que haja necessidade de melhorar a sinalização, basta pedalar a uma velocidade razoável, desacelerar quando vir alguém a pé e seguir adiante. É isso que a maioria dos ciclistas faz o tempo todo.

    É mais fácil evitar um acidente fatal com pedestre a bordo de uma bike. Não é à toa que, no ano passado, em plena proliferação das ciclovias, dos 538 atropelamentos fatais na cidade, apenas dois foram cometidos por pessoas usando bicicletas. Os carros mataram 200, seguidos pelos ônibus (114), motos (90) e caminhões (31) –101 casos restantes não houve identificação do veículo.

    Mas, como acontece com automóveis e ônibus, há ciclistas que pedalam agressivamente. Antes das vias segregadas, em meio aos carros, isso podia ser até um meio de sobrevivência.

    Agora, com a expansão das ciclovias, quem pedala em vias compartilhadas tem que tomar consciência de que deixou de ser o elo mais frágil. E que, mesmo fora da faixa, os pedestres têm sempre a preferência.

    Não são ciclovias ou avenidas que matam as pessoas, mas a imprudência, principalmente a de quem está atrás do volante. Ou do guidão.

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