• Cotidiano

    Tuesday, 18-Jun-2024 11:11:59 -03

    Mortes acirram debate sobre avanço rápido das ciclovias em São Paulo

    DE SÃO PAULO

    20/08/2015 02h00

    Danilo Verpa/Folhapress
    Ciclista e pedestre dividem passagem em ciclovia de SP
    Ciclista e pedestre dividem passagem em ciclovia de SP

    A morte de duas pessoas nesta semana no entorno de duas ciclovias de São Paulo esquentou o debate sobre o avanço acelerado das rotas de bicicletas na gestão do prefeito Fernando Haddad (PT).

    No domingo, um menino de nove anos morreu atropelado por um microônibus quando andava de bicicleta numa ciclovia em São Mateus, extremo da zona leste.

    Segundo testemunhas, o motorista invadiu a rota dos ciclistas, que fica no meio da avenida, e atingiu o garoto.

    No dia seguinte, na região central de São Paulo, um aposentado de 78 anos foi atropelado por um ciclista no entorno da ciclovia sob o Elevado Costa e Silva, conhecido como Minhocão. O homem bateu a cabeça no chão e morreu horas depois, no hospital.

    Neste caso, segundo testemunhas, o acidente ocorreu por uma combinação de fatores: o aposentado atravessou a avenida e cruzou a ciclovia fora da faixa de pedestres, enquanto o ciclista, que parou para prestar socorro, disse tê-lo atingido numa faixa de ônibus, que é paralela à ciclovia.

    Clique no infográfico: Atropelamento no entorno da ciclovia

    PLANEJAMENTO

    Apesar do apoio da maioria da população, as ciclovias têm sido alvo de críticas e questionamentos de especialistas e do Ministério Público pela suposta falta de planejamento e de segurança tanto de usuários como de pedestres.

    Na recém-inaugurada ciclovia do Minhocão, por exemplo, pedestres e ciclistas precisam dividir pequenas passagens ao lado das colunas que sustentam o viaduto.

    Sob Haddad, a quilometragem de ciclovias deu um salto –passou de 63 km para 356 km em toda a cidade.

    As rotas para bicicletas, mais baratas se comparadas à construção de creches e de hospitais, por exemplo, avançam num ritmo inverso a outras promessas de campanha.

    A meta é completar 400 km de novas rotas até 2016 –até agora, ele construiu 293 km.

    Clique no infográfico: Crescimento das ciclovias

    Nesta quarta-feira (19), em entrevista, Haddad tratou o acidente entre o ciclista e o aposentado como mais um caso desse tipo na cidade e se limitou a dizer que irá "acompanhar o inquérito para saber exatamente o que aconteceu".

    Ao lado do prefeito, o secretário de Transportes, Jilmar Tatto (PT), admitiu que poderá fazer ajustes na ciclovia embaixo do Minhocão, como a melhoria da sinalização.

    Para o arquiteto e especialista em mobilidade Flamínio Fichmann, essa ciclovia tem um erro grave de projeto e não pode funcionar dessa forma.

    "Naquele caso não se trata de uma questão de educação. É uma irresponsabilidade o projeto. As pessoas que fizeram [a ciclovia] deveriam ser responsabilizadas criminalmente", diz Fichmann.

    "O projeto tem que proteger pedestre e ciclista. Ali, nas colunas, um não vê o outro".

    Para o especialista em transportes Luis Fernando Di Pierro, a ciclovia da zona leste onde morreu o menino atingido por um microônibus foi construída de forma errada.

    "[A rota de bicicletas] deveria ser segregada fisicamente, pois está no meio da via, ou não deveria existir." Segundo ele, aqueles "tachões" colocados no pavimento e a sinalização com postes flexíveis não são suficientes para a segurança dos ciclistas.

    Clique no infográfico: Atropelamentos em SP

    Fale com a Redação - leitor@grupofolha.com.br

    Problemas no aplicativo? - novasplataformas@grupofolha.com.br

    Publicidade

    Folha de S.Paulo 2024