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    Ciclovias de Haddad têm extremos de boa sinalização e de risco aos usuários

    ARTUR RODRIGUES
    EDUARDO GERAQUE
    DE SÃO PAULO

    21/08/2015 02h00

    Alvo de críticas após a morte de duas pessoas nesta semana, a malha de ciclovias da gestão de Fernando Haddad (PT) é feita de extremos.

    Em especial no centro, há rotas bem sinalizadas, com piso de boa qualidade e interligadas. Mas, principalmente nas periferias, também existem faixas que colocam ciclistas e pedestres sob risco.

    Na avenida Bento Guelfi (extremo leste), por exemplo, onde um menino morreu atropelado por um micro-ônibus no domingo, a ciclovia fica no centro da via, sem nenhum tipo de isolamento, como defendem especialistas no tema.

    Lá, além de pouca fiscalização, a rota para bicicletas é frequentemente invadida por carros, ônibus e caminhões.

    Em outro extremo da cidade, na rua Caio Graco da Silva Prado (zona sul), a ciclovia foi feita numa rua sem calçada. Na prática, virou caminho para pedestres e estacionamento para carros.

    No centro da cidade também há problemas. É o caso da ciclovia da avenida Rangel Pestana, no Brás.

    A via para bikes termina de repente no largo da Concórdia, deixando o ciclista desprotegido em uma avenida com alto fluxo de ônibus.

    "É perigoso. Tem que ficar esperto com os ônibus, os carros e os pedestres", disse o camelô e também ciclista Rubens Santos, 20.

    Do ponto de vista técnico, uma série de itens faz parte de um projeto ideal de ciclovia, como pista lisa, bem sinalizada e sem obstáculos.

    Esse último item não é o caso da recém-inaugurada rota sob o Minhocão, onde ciclistas precisam desviar das colunas que sustentam o viaduto.

    Clique no infográfico: Crescimento das ciclovias

    Na última segunda (17), foi logo após uma dessas colunas que um ciclista atingiu um aposentado, que bateu a cabeça no chão e morreu horas depois no hospital.

    Já em avenidas que servem apenas um bairro, onde o volume de tráfego é menos caótico, a ciclovia ideal deve ser próxima ao meio-fio. Um bom exemplo disso na cidade é a rota da alameda Barros, em Santa Cecília, que também é sinalizada e tem bom piso.

    Em grandes avenidas, como na Paulista e na Faria Lima, a pista de bicicleta deve ser separada dos carros -por meio de muretas, grades ou mesmo no canteiro central.

    Mais caras, já que exigem intervenções nas vias, essas ciclovias têm sinalização e pisos melhores, mas exigem uma convivência mais afinada entre ciclistas e pedestres.

    "Pedestre em ciclovia é complicado. Eles mudam de direção rápido", diz o vendedor Edivaldo Monteiro, 39. Usuário de diferentes ciclovias da cidade, ele recorre a um apito para chamar a atenção dos pedestres e evitar atropelamentos. Já a copeira Amara Ferreira, 47, critica os ciclistas. "Eles quase me atropelam várias vezes, não respeitam ninguém."

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    A CICLOVIA IDEAL
    Algumas indicações para a segurança de ciclistas e pedestres

    Segregação
    Em vias com grande tráfego e/ou com limites de velocidade acima de 50 km/h, deve haver barreiras entre a pista de bicicletas e a do demais veículos

    Caminho livre
    Com ou sem segregação, é preciso restringir a interferência de outros veículos com sinalização e semáforos. Apesar de algumas vias comportarem pedestres e bicicletas, o compartilhamento não é recomendado

    Sinalização
    Placas e pinturas bem conservadas são essenciais para organizar o fluxo e alertar sobre obstáculos, como postes

    Interligação
    Local deve atender às demandas de deslocamento dos usuários e estar integrado a outras ciclovias

    Superfície
    Melhor que seja lisa e em vias sem grande declividade

    Fiscalização
    O controle das infrações ajuda a evitar acidentes

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