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    Haddad cede e diz que bloqueio da Paulista neste domingo não é certo

    THIAGO AMÂNCIO
    LEONARDO NEIVA
    DE SÃO PAULO

    22/08/2015 14h15

    A Prefeitura de São Paulo acatou oficialmente a recomendação do Ministério Público para que a avenida Paulista, na região central da cidade, não seja fechada para carros neste domingo (23). Na prática, porém, bloqueará a passagem de veículos, por "questões de segurança", assim que pedestres e ciclistas chegarem à via pela manhã.

    A gestão Fernando Haddad (PT) passou as últimas semanas anunciando o fechamento da avenida como um segundo teste de transformar a via em um espaço de lazer para pedestres e ciclistas –o primeiro ocorreu no final de junho, quando milhares de pessoas passaram pela avenida da região central da cidade.

    No final desta semana, porém, o Ministério Público lembrou a prefeitura que o município assinou em 2007 um TAC (Termo de Ajustamento de Conduta) limitando a três o número de eventos de duração prolongada e com interrupção da via por ano. Em 2015, já houve o fechamento na Parada Gay e na inauguração da ciclovia da Paulista, e estão previstos fechamentos para a corrida São Silvestre e Reveillón.

    Diante disso, a prefeitura mudou o discurso e agora diz que o fechamento da avenida, entre 9h e 17h, não é mais certo (o que não contraria oficialmente o TAC) e somente ocorrerá em caso de grande aglomeração de pessoas.

    O bloqueio da via para carros neste domingo foi anunciado por causa da inauguração da ciclovia da av. Bernardino de Campos, que ligará a Paulista e a rua Vergueiro.

    Neste sábado, em entrevista em Perus, zona norte de São Paulo, durante o evento "Prefeitura no Bairro", o prefeito sinalizou essa nova estratégia após a ação da Promotoria.

    Segundo o prefeito, a decisão, por ora, é seguir a recomendação do Ministério Público de manter a avenida inicialmente aberta a veículos. Mas, se milhares de pessoas aparecerem na avenida, a pé ou de bicicleta, a prefeitura terá de fechar pelo menos algumas das faixas da via.

    "A Bernardino [de Campos] vai estar fechada para a inauguração [da ciclovia], e a CET vai acompanhar a evolução para verificar a necessidade ou não de ampliar a área para pedestre, eventualmente, para evitar qualquer tipo de acidente", disse o prefeito.

    Ainda nesta sexta-feira (21), quando questionada sobre a recomendação do Ministério Público, a prefeitura disse, em nota: "No próximo domingo (23), será realizado um segundo teste de abertura da Avenida Paulista para pedestres e ciclistas, tendo em vista a inauguração da ciclovia da avenida Bernardino de Campos. Em uma eventual abertura permanente da Paulista aos domingos, serão levados em conta os resultados dos dois testes (do dia 28 de junho e do próximo domingo) e as considerações de todos os atores envolvidos".

    A declaração de Haddad neste sábado é mais um recuo do prefeito em sua gestão. Em relação apenas à avenida Paulista, é a terceira mudança num intervalo de uma semana:

    1) Inicialmente, o petista disse que o mais "provável" é que a avenida passasse a ser fechada para carros todos os domingos. Segundo ele, a medida dependia da decisão da CET (Companhia de Engenharia de Tráfego);

    2) Em seguida, após uma feroz reação de moradores e comerciantes da região, sinalizou que o fechamento poderia ocorrer somente uma vez por mês, a depender da "reação da cidade";

    3) Agora, após a prefeitura divulgar todo o serviço de horário e trânsito para este domingo, disse que talvez a via fique aberta para os carros.

    NOVA CICLOVIA

    Grandes faixas ao longo da avenida Bernardino de Campos anunciavam, neste sábado (22), o fechamento da via para carros para inauguração de um novo trecho de ciclovia no domingo (23). No sábado, porém, ciclistas já circulavam pelo trecho, que estava aberto ao público.

    A nova ciclovia ocupa o canteiro central da avenida e é cercada por grades de ambos os lados. Em parte da via, entre a Paulista e a rua Afonso de Freitas, há árvores entre as duas pistas para bicicletas.

    A estudante Saionara Xavier, 19, que mora em uma travessa da avenida Bernardino de Campos, aproveitou a liberação do trecho para andar de bicicleta pela primeira vez na cidade.

    "Achei melhor que a ciclovia da Paulista. Tem muitas árvores e ficou com um ar mais rural", disse a estudante, que pretende transformar a pedalada aos finais de semana em um hobby.

    O aposentado Walter Dela Corte concorda. "Achei ótimo que mantiveram as árvores. Isso a diferencia da ciclovia na avenida Paulista, que é muito árida", conta.

    Corte, morador da Vila Mariana, na zona sul, também diz que poderá circular de bicicleta com mais segurança pela região. Antes, ele utilizava uma faixa da avenida para pedalar até sua casa.

    Já o engenheiro Henrique Mateus, 35, disse estar contente por poder circular por mais tempo de bicicleta com o filho, que tem oito anos. Os dois, que já utilizavam a ciclovia da avenida Paulista todos os finais de semana, agora passarão a fazer todo o trecho de ida e volta da avenida até o fim da Bernardino de Campos.

    "A única reclamação que eu tenho é que falta uma ligação maior das ciclovias com as estações de metrô. Como uso bastante o transporte público, isso facilitaria a locomoção aqui na cidade", afirma Henrique, que não poderá comparecer ao evento de inauguração da ciclovia.

    MIRANTES

    No próximo domingo, a prefeitura vai inaugurar dois mirantes na região da avenida Paulista.

    Os mirantes foram cedidos a empresários para obras de revitalização. Um deles, que fica em uma rua atrás do Masp, terá vista para a avenida Nove de Julho. Os mirantes terão restaurantes, cafés e bicicletários.

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