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    Motoristas reclamam de fechamento completo da avenida Paulista

    DE SÃO PAULO

    23/08/2015 12h44

    Motoristas que tiveram de enfrentar o "anda e para" nas paralelas da avenida Paulista reclamaram do trânsito, da falta de informações e das recentes ações da gestão do prefeito Fernando Haddad (PT).

    Neste domingo (23), a avenida fechou pela segunda vez no ano para veículos para se transformar numa via exclusiva de lazer.

    Algumas pessoas ainda tentavam pegar ônibus nos pontos da avenida Paulista. A aposentada Dora Maimone, 80, só descobriu que a via estava totalmente interditada quando tentou pegar um coletivo em direção à avenida Francisco Morato, zona oeste de São Paulo, para visitar uma amiga doente.

    "Agora não sei o que fazer. Já que fecharam, deviam ao menos indicar as novas rotas dos ônibus", disse a aposentada, que é moradora do Cambuci, no Centro.

    Uma psicanalista, de 76 anos, que não quis se identificar, também encontrou dificuldades para chegar até sua casa, na alameda Jaú.

    "Isto aqui é uma droga. O Haddad quer fazer igual a Nova York, mas a Paulista não tem estrutura para receber tanta gente, ela foi pensada para carros", disse a psicanalista, que em seguida desceu a avenida Brigadeiro Luís Antônio em busca de um ônibus para voltar para casa.

    Apesar do clube em que frequenta, o Homs, ter um esquema de acesso especial durante o fechamento da avenida, a aposentada Isidora Sanches, 83, estacionou a uma rua de distância para chegar ao local. Ela se locomove com dificuldade e foi andando com a ajuda da filha Matilde, 68.

    "Eu não posso andar. Tenho amigas que deixaram de vir porque a avenida estaria fechada", afirma Isidora.

    Neste domingo, o comerciante Kamis Araman, 32, foi ao clube participar de um evento. Ele acredita que mais pessoas na rua a pé e de bicicleta fazem bem para o comércio.

    Araman, contudo, acredita que a Paulista é inviável para boa parte dos moradores da cidade. "Poderiam fechar na zona leste também", diz o morador do Tatuapé (na zona leste).

    ACESSO AO HOSPITAL

    Durante todo o dia, quem precisou chegar ao hospital Santa Catarina pode acessar a Paulista de carro, entre a rua 13 de maio e a Teixeira da Silva.

    O analista de sistemas Dênis Lima, 33, foi ao hospital levar o filho de quatro anos que estava com a garganta infeccionada. Ele diz que foi hostilizado por pedestres e ciclistas na avenida quando passou de carro pelo trecho liberado.

    "Vim pela radial e, com os desvios, demorei 15 minutos a mais para chegar aqui. Se fosse alguma coisa mais séria, esses 15 minutos seriam essenciais", afirma.

    Apesar das reclamações dos motoristas, não houve nenhuma situação de risco com pacientes ocasionada pelo bloqueio no trânsito, segundo funcionários do hospital.

    CONVIVÊNCIA MÚTUA

    Na alameda Santos, o advogado Leopoldo Zuaneti, 35, discorda do fechamento da via.

    "Li ontem que estaria aberto. Eu não concordo com esse fechamento. Se não houver convivência entre o carro e a bicicleta juntos não tem como haver respeito mútuo."

    O taxista Paulo Silva, 43, também não ficou satisfeito. "Para nós taxistas isso aí é terrível. Mas o prefeito quer fazer essas ciclovias assim, de qualquer jeito, incitando a discórdia", disse.

    O lojista Marcos, 53, diz ter sido pego de surpresa. Para ele, o fechamento da Paulista não foi divulgado de forma satisfatória.

    "Um absurdo. Não se preocupam nem em avisar a população, eu não estava sabendo de nada. É a Paulista inteira que está fechada? O pessoal só está inventando problema para o motorista, depois quero ver."

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