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Uma dívida acumulada há quase um ano interrompeu o serviço de coleta de lixo em Guarujá, na Baixada Santista, desde a noite de sexta-feira (21).

Em nota, a prefeitura afirmou que deve R$ 18 milhões à empresa que presta o serviço, acumulados nos últimos três meses.

A Folha apurou, no entanto, que o montante não inclui juros nem tributos e que a dívida total é bem maior, de cerca de R$ 40 milhões. No último ano, a administração fez pagamentos pontuais à empresa Terracom, em valores menores, para que o atraso não chegasse a três meses consecutivos –o que poderia resultar na quebra do contrato.

A paralisação da coleta foi informada pela própria prefeitura, no sábado (22), em perfil no Facebook. "Por conta da crise que afeta todo o país, os municípios estão prejudicados em honrar seus compromissos com os prestadores de serviços", disse.

Segundo o comunicado, a crise local se agravou após queda na arrecadação dos impostos municipais somada a atrasos de repasses de convênios. O contrato da Terracom é de R$ 72,9 milhões anuais.

No domingo (23), a cidade amanheceu repleta de lixo. Após mobilizações nas redes sociais, moradores levaram o lixo acumulado para a frente da sede da prefeitura, como forma de protesto.

Em comunicado divulgado no mesmo dia, a prefeitura informou que estava "unindo esforços" para minimizar o problema, utilizando "recursos da própria administração" para serviço de coleta nas áreas mais críticas da cidade.

Informou ainda que está negociando com a empresa e que solicitou à Câmara uma reunião para buscar saídas. Uma das alternativas seria a aprovação de um Refis (programa de refinanciamento de dívidas).

A Terracom informou que não se pronunciará sobre o assunto.

Em maio, a empresa enviou notificação extrajudicial à prefeitura ameaçando paralisar o serviço e cobrando uma dívida de R$ 45 milhões.

Cerca de 600 pessoas trabalham na coleta de lixo em Guarujá.

	Rogério Soares/Folhapress
	Em Guarujá (SP), ruas amanheceram repletas de lixo no domingo (23) após suspensão da coleta