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    Grupo de sapateado bloqueia trecho da Paulista para exibição pró-fechamento

    LEONARDO NEIVA
    DE SÃO PAULO

    30/08/2015 11h41

    A avenida Paulista recebeu uma boa dose de música e dança, na manhã deste domingo (30). Alunos da escola "Só Dança" colocaram tablados no chão e fizeram uma apresentação de sapateado, ao som de "Homenagem ao Malandro", de Chico Buarque, por volta das 10h30, em uma faixa de pedestres ao lado da Praça do Ciclista.

    A professora de dança Christiane Matallo, 43, precisou treinar a turma –composta de adultos, adolescentes e crianças– ao longo de quatro meses para o evento. "O objetivo é trazer um pouco de arte para a rua, popularizar a arte do sapateado", disse.

    Membros do coral da Fundap (Fundação do Desenvolvimento Administrativo) também participaram da apresentação. A CET bloqueou brevemente o trecho para a passagem de carros.

    O evento faz parte da Virada Sustentável e foi seguido de uma "super-pedalada", programada para dar uma volta completa de bicicleta na avenida.

    Segundo André Palhano, um dos organizadores da Virada Sustentável, o objetivo era bloquear a Paulista em uma manifestação a favor do fechamento da avenida para carros aos domingos, mas não havia ciclistas suficientes no local para tal. Um evento chegou a ser marcado em uma rede social convocando pessoas a fechar a avenida.

    "Sou muito a favor da abertura da Paulista para ciclistas aos domingos. Não só eu como a maioria das organizações que participam da Virada Sustentável", afirmou.

    Durante a pedalada, membros de ONGs também faziam uma pesquisa com comerciantes da Paulista.

    "A baixa do faturamento é um dos principais argumentos contra a abertura da Paulista para os ciclistas e estamos perguntando aos comerciantes o que acham disso. Só neste quarteirão contei seis comércios fechados, então já sei que a abertura não altera o faturamento deles. Até agora só falei com uma pessoa, que disse que é a favor e que essa abertura até ajuda a aumentar as vendas", afirmou Guilherme Coelho, coordenador de mobilização da ONG Minha Sampa.

    POLÊMICA

    Apesar de ter recebido aval de equipe técnica da prefeitura, o prefeito Fernando Haddad encontra oposição do Ministério Público e da Associação Paulista Viva, em sua intenção de fechar a avenida Paulista aos domingos.

    Um inquérito sobre o bloqueio da avenida foi aberto pelo promotor Mário Malaquias. No entendimento do promotor, um acordo firmado com a prefeitura em 2007 limita a três por ano o número de eventos de duração prolongada que bloqueiam a via.

    Caso entenda que a administração descumpriu o acordo, a Promotoria poderá pedir à Justiça que a prefeitura seja multada em R$ 30 mil a cada vez que a Paulista fechar. A prefeitura argumenta que o fechamento da Paulista não é um evento, mas uma medida voltada a ampliar espaço de lazer

    Já a Associação Paulista Viva, espécie de porta-voz de moradores e comerciantes da avenida, entende que fechamento é ação de "marketing" prefeitura e traz prejuízo a jornaleiros, taxistas, hotéis, estacionamentos e restaurantes. Para a entidade, a cidade tem outras opções de lazer, como praças, parques e o centro velho.

    Entre os quatro shoppings da região da avenida, apenas o Pátio Paulista se posicionou publicamente sobre o tema, informando ter "preocupação" com o acesso de carros no "segundo melhor dia de movimento". Já a maioria dos hospitais afirma que não há problema no bloqueio aos domingos.

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