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    Coronel é condenado a 23 anos por mandar matar juiz em Vila Velha (ES)

    ALEX CAVALCANTI
    COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, EM VITÓRIA (ES)

    31/08/2015 12h27

    O coronel da reserva da PM Walter Gomes Ferreira foi condenado, na madrugada desta segunda-feira (31), a 23 anos de prisão, por mandar matar um juiz há 12 anos, em Vila Velha (ES). Ferreira pode recorrer da decisão em liberdade.

    O magistrado Alexandre Martins de Castro Filho foi assassinado a tiros em março de 2003.

    No mesmo júri, o ex-policial civil Cláudio Luiz Andrade Baptista, o Calu –outro réu no processo–, foi absolvido de todas as acusações.

    Há ainda um terceiro acusado do crime, o juiz Antônio Leopoldo Teixeira. Ele recorreu ao STJ, e a Justiça estadual aguarda o julgamento do recurso para saber se ele irá a júri. Todos negam as acusações.

    O pai do juiz morto, o advogado e também coronel da reserva Alexandre Martins de Castro, credita o crime ao fato de o filho combater o crime organizado no Espírito Santo. "Ele contrariou muitos interesses e enfrentou muita gente."

    Castro acompanhou o último dia de julgamento de sua casa. À Folha ele disse que a condenação do coronel Ferreira era esperada, já que o conjunto de provas contra ele era "claro e robusto". "Acho que o juiz foi muito justo na determinação da pena, considerando o histórico dele", afirmou.

    Castro lamentou a absolvição de Calu, mas disse que não lhe cabe questionar a decisão dos jurados. O pai do juiz assassinado ressaltou que ainda falta julgar "o principal acusado" do crime. "Eu tenho certeza de que ele também será condenado, porque o conjunto de provas contra ele é ainda mais robusto."

    Alex Cavalcanti/Folhapress
    Alexandre Martins de Castro, que teve o filho, juiz, assassinado há 12 anos no ES

    O julgamento durou sete dias –começou às 9h da segunda (24). A sentença foi anunciada por volta das 0h30, pelo juiz Marcelo Soares Cunha.

    O resultado do júri que decidiu pela condenação de Ferreira foi apertado, com quatro votos pela condenação e três pela absolvição.

    OUTRO LADO

    Ao deixar o auditório da universidade em que foi realizado o julgamento, Ferreira voltou a negar o crime. "É um resultado triste para mim, porém eu saio de cabeça erguida porque, como eu sempre disse, eu não mandei matar o juiz Alexandre."

    "Os autos provam que eu não mandei matar, mas o júri entendeu diferente. Nós vamos recorrer em Brasília e com certeza vamos ganhar", completou.

    Na avaliação do militar, o histórico de outras acusações e a cobertura do caso na imprensa influenciaram a decisão dos jurados. "Eu sou o chefe do crime organizado, como eles dizem. Isso influencia a decisão."

    Já o ex-policial Cláudio Luiz Baptista comemorou o resultado. "Não é fácil reverter 12 anos em sete dias. Mas eu tinha certeza que conseguiríamos [a absolvição] porque eu não cometi esse crime."

    O Ministério Público Estadual ainda não confirmou se vai recorrer da absolvição de Cláudio Luiz Baptista.

    O CRIME

    O juiz Alexandre Martins de Castro Filho foi assassinado em frente a uma academia de ginástica no bairro Itapoã, em Vila Velha, região metropolitana de Vitória. O magistrado atuava na missão especial de combate ao crime organizado no Espírito Santo e também na Vara de Execuções Penais.

    Ele atuava no caso que envolveu a prisão e a transferência do coronel Ferreira para o presídio federal da Papudinha, no Acre, em novembro de 2002.

    Castro havia denunciado ainda irregularidades do antecessor na Vara de Execuções Penais, o juiz Antônio Leopoldo Teixeira, que também é acusado de participar da conspiração para matar o magistrado.

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