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    Haddad congela plano de 40 km/h em vias de bairro em ano eleitoral

    ANDRÉ MONTEIRO
    DE SÃO PAULO

    01/09/2015 02h00

    Após sofrer desgaste com a redução dos limites de velocidade nas principais avenidas da capital paulista, a gestão Fernando Haddad (PT) decidiu congelar um plano mais ousado –e impopular– de baixar as máximas também nas vias de bairro.

    A intenção era deixar com limite de 40 km/h, a partir do ano eleitoral de 2016, todas as vias coletoras –ruas e avenidas que fazem a ligação das grandes avenidas com as ruas menores dentro dos bairros.

    Há cerca de 2.000 km de vias com essa classificação em São Paulo –13% do sistema viário da cidade, muitas delas com velocidade de 50 km/h até hoje, semelhante à de avenidas grandes como Bandeirantes e pista local das marginais Pinheiros e Tietê.

    Editoria de Arte/Folhapress

    Entre os exemplos de coletoras na capital estão Abílio Soares (zona sul), Estados Unidos (oeste), Calim Eid (leste) e parte da Voluntários da Pátria (norte).

    A padronização da velocidade das vias coletoras em 40 km/h é articulada pela CET (Companhia de Engenharia de Tráfego) desde 2011, na gestão Gilberto Kassab (PSD).

    A medida seria adotada após a redução dos limites para 50 km/h em todas as vias arteriais (avenidas que ligam bairros diferentes, com fluxo intenso e semáforos) –anunciada por Haddad para ser finalizada até dezembro.

    Mas a Folha apurou que a prefeitura decidiu adiá-la. Oficialmente, deve adotar a justificativa de que aguardará uma adaptação dos motoristas às mudanças já feitas.

    O prefeito enfrenta baixa popularidade. Segundo pesquisa Datafolha, só 20% aprovavam a gestão em fevereiro.

    Apesar do congelamento da redução de velocidade em todas as coletoras, segundo auxiliares de Haddad, poderão ser implantadas mudanças pontuais em alguns lugares.

    Infográfico: Velocidade no corredor norte-sul

    ARTERIAIS

    Com a justificativa de reduzir acidentes de trânsito, a prefeitura intensificou a redução de velocidades nas vias da cidade em julho, com a mudança nos limites das marginais Pinheiros e Tietê.

    Nos últimos dois meses, houve alteração em mais de 40 vias. As mais recentes começam nesta terça-feira (1º) em vias do corredor norte-sul, como a avenida 23 de Maio.

    A medida é alvo de críticas de parcela dos motoristas e da oposição –que questionam a disparada das multas.

    Apesar da aprovação majoritária de especialistas para a redução das velocidades, há críticas principalmente à forma de divulgação pela gestão Haddad –que tem avisado motoristas com só três dias de antecedência e já teve que anular multas em lugares onde havia sinalização errada.

    O consultor Horácio Figueira, mestre em transportes pela USP, diz que a prefeitura tinha que "seguir em frente" com a medida. "Se não continuar, há o risco de o motorista achar que perdeu tempo na via arterial e querer tirar o atraso na coletora."

    Já o engenheiro Telmo Teramoto, mestre em engenharia urbana, defende uma implantação aos poucos.

    "Com um piloto, dá tempo de corrigir erros e apurar os primeiros resultados antes de tomar uma decisão maior. Isso ajuda inclusive a ganhar apoio, pois quanto menos explicar, mais resistência vai haver", diz, acrescentando que a probabilidade de mortos em acidentes "sobe drasticamente a partir dos 40 km/h".

    Infográfico: Classificação do sistema viário de SP

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