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    Crise da água

    Apesar da seca, Cantareira recebe mais água que mesmo período em 2014

    FABRÍCIO LOBEL
    DE SÃO PAULO

    01/09/2015 02h00

    Luis Moura/WPP/Folhapress
    Represa Atibainha, que faz parte do sistema Cantareira, maior da Grande SP
    Represa Atibainha, que faz parte do sistema Cantareira, maior da Grande SP

    O volume de água que entrou no sistema Cantareira nos primeiros cinco dos seis meses da estação seca teve ligeira melhora em relação ao mesmo período de 2014.

    Ainda assim, a entrada de água no principal sistema de represas de São Paulo está muito abaixo da média para o período entre abril e agosto.

    Intimamente ligada ao desempenho da chuva (que está 25% abaixo da média), a melhora na entrada de água não foi capaz de livrar o Cantareira do volume morto (estágio emergencial, em que o estoque de água fica abaixo dos canos de captação).

    Em média, entre abril e agosto deste ano, entraram 13 mil litros de água por segundo nas represas do Cantareira (que abastece principalmente a porção norte da Grande São Paulo). No ano passado, nos mesmos meses, entraram 10 mil litros por segundo. O esperado são 35 mil litros por segundo.

    Infográfico: Entrada de água no Cantareira

    Nesta segunda-feira (31), o Cantareira estava com 12% de sua capacidade, incluindo duas cotas do volume morto.

    O volume de água que entra nos reservatórios é um dos principais indicativos da "saúde" das represas. É baseado nesse índice, por exemplo, que o presidente da Sabesp, Jerson Kelman, descarta a implantação de um rodízio (corte no fornecimento de água) em 2015.

    Robson Ventura/Folhapress
    Barragem de Ponte Nova, que integra o sistema Alto Tietê
    Barragem de Ponte Nova, que integra o sistema Alto Tietê

    Ao longo do ano, ele disse que a medida estava descartada, mesmo que a entrada de água no Cantareira fosse 20% menor do que a do ano passado. "É uma hipótese bastante pessimista", disse Jerson Kelman, em maio deste ano. "Mas, mesmo nessa simulação, nós conseguimos atravessar o deserto até a próxima estação chuvosa." O período de chuvas deve começar em outubro.

    Mas, para livrar São Paulo de um rodízio, a Sabesp deverá continuar com uma série de medidas restritivas, como a diminuição da pressão nas tubulações da cidade.

    A redução de pressão é feita para reduzir as perdas da Sabesp nas inúmeras falhas das tubulações. Mas o efeito dessa manobra é deixar milhares de pessoas sob um racionamento extraoficial, principalmente nos bairros mais altos e na periferia. Essa medida já impacta a população há mais de um ano.

    Há bairros que ficam todos os dias até 20 horas sem água.

    Infográfico: Histórico da entrada de água

    Outra medida que deverá livrar São Paulo do rodízio neste ano é a entrega de uma obra, que havia sido prometida para maio e está planejada para ser finalizada neste mês.

    Com 80% dos trabalhos feitos, uma interligação de bacias deverá socorrer o sistema Alto Tietê (que abastece a porção leste da metrópole), que está com 13,8% de sua capacidade.

    O Alto Tietê é o segundo maior reservatório da Grande São Paulo e foi o primeiro a socorrer o Cantareira, no início de 2014. Ele começou a enviar água para bairros que antes eram atendidos pelo Cantareira. Com isso, porém, o Alto Tietê passou a perder água muito rapidamente.

    Para piorar sua situação, a bacia também foi atingida por uma estiagem que diminuiu drasticamente o volume de chuvas. E, com a seca, a bacia recebeu apenas 57% da água esperada para os cinco primeiros meses da estação seca.

    Infográfico: Chuva na região do reservatório

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