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    Secretário diz que não pode impor proteção às testemunhas de chacina

    DE SÃO PAULO

    02/09/2015 20h43

    Responsável pela Segurança Pública do governo Geraldo Alckmin (PSDB), o secretário Alexandre de Moraes afirmou, nesta quarta-feira (2), que não pode impor às vítimas e testemunhas da chacina na Grande SP proteção pelas declarações prestadas contra PMs suspeitos de envolvimento no crime.

    A declaração foi feita em audiência na Assembleia Legislativa de São Paulo.

    "Todas as vítimas e testemunhas, desde o início, são avisadas antes dos depoimentos se elas preferem ser identificadas. Se não quiserem, elas são protegidas, os nomes e endereços não chegam ao processo. Isso é oferecido às testemunhas e vítimas, não há como a secretaria impor isso", disse.

    Reportagem da Folha publicada na edição desta quarta mostrou que pelo menos quatro pessoas ouvidas na investigação tiveram seus dados (nome, filiação, endereços residencial e comercial, telefones) divulgados no processo em trâmite, sem nenhum sigilo, na Justiça Militar.

    Elas depuseram contra policiais militares suspeitos de participação na chacina, no mês passado, que deixou 19 mortos.

    Uma das testemunhas, um tenente da reserva, afirmou à Folha que já recebeu ameaças de morte e avisou que vai processar o Estado pela exposição.

    Na audiência, a Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa pediu que o governo desse proteção a essas testemunhas.

    "Damos proteção às vítimas e testemunhas que estejam atemorizadas", reafirmou o secretário de Segurança Pública. Segundo ele, há na investigação do caso testemunhas que, após solicitação, receberam proteção.

    Convidado para falar no Legislativo paulista sobre a investigação da chacina, que até o momento prendeu apenas um soldado da Rota suspeito de envolvimento nos crimes, Alexandre de Moraes negou racha ou divisão na força-tarefa criada pelo governo Alckmin para tentar esclarecer os crimes.

    DISPUTAS

    A apuração tem sido marcada por disputas e críticas da Polícia Civil de atropelo da PM na condução do caso.

    "É nossa obrigação esclarecer a motivação dos crimes e sobretudo apontar os criminosos. Mas o tempo político é um, o tempo da imprensa, outro, e o tempo da investigação é outro completamente diferente", afirmou.

    "Estamos avançando, temos inúmeras informações sendo cruzadas, vídeos novos que tivemos acesso e análises balísticas em andamento. Esperamos em breve indicar os responsáveis".

    Dezoito PMs e um segurança particular estão sendo investigados. Segundo o secretário, a força-tarefa trabalha com quatro hipóteses para os assassinatos em série -a principal é a de que a chacina tenha sido uma vingança policial contra a morte de um cabo.

    Alexandre de Moraes negou a existência de um grupo de extermínio no Estado de São Paulo e admitiu ser mais difícil investigar uma chacina.

    Sobre a suspeita de envolvimento de policiais no crime, ele disse: "Não podemos generalizar. Há policiais e há bandidos que estão como policiais, mas esses bandidos serão identificados e expulsos da corporação".

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