O estado de saúde da modelo gaúcha Mariana Livinalli Rodriguez, 25, atropelada em São Paulo enquanto andava de bicicleta na quarta-feira (2), piorou na madrugada desta quinta (3).
A modelo foi atropelada por um ônibus na esquina da avenida Brigadeiro Faria Lima com a rua Chopin Tavares de Lima, em Pinheiros, zona oeste, às 11h45, de acordo com a SSP (Secretaria Estadual de Segurança Pública).
Segundo a SSP, a modelo vinha pela ciclovia e colidiu com o para-choque esquerdo do ônibus, caindo e batendo a cabeça. Os peritos informaram os policiais que é possível que a modelo não tenha observado o semáforo para bicicletas. O motorista do ônibus, 63, disse à polícia que o semáforo estava aberto para ele.
Ela sofreu traumatismo craniano e foi socorrida no Hospital das Clínicas, onde passou por cirurgia e permanece em coma induzido na UTI. Na madrugada, seu estado piorou e ela corre risco de vida, de acordo com a assessoria do hospital.
O caso foi para o 14º Distrito Policial como lesão corporal culposa. A modelo tem seis meses para apresentar o fato à polícia.
Os pais e a irmã de Mariana estão em São Paulo para acompanhar o caso.
"OPORTUNISMO"
O prefeito Fernando Haddad (PT) afirmou que é necessário aguardar as investigações sobre o caso para se pronunciar e acusou "oportunistas" de usar episódios nas ciclovias para fazer "luta política".
"São 1.200 mortes por ano, cada vida é importante para a nós. Construção de ciclovia é para preservar a vida, para garantir ao ciclista mais segurança", disse.
Ele comentou sobre dois acidentes fatais envolvendo ciclistas neste ano, um sob o Minhocão e outro em São Mateus (zona leste). No primeiro, um idoso que atravessava fora da faixa morreu após ser atropelado por um ciclista que seguia fora da ciclovia e, no segundo, uma criança foi atropelada por um ônibus.
"Em nenhum dos dois casos, os ciclistas estavam na ciclovia", disse. "Se as ciclovias estivessem sendo usadas, muito provavelmente os acidentes não teriam ocorrido".
SINALIZAÇÃO
Em nota, a CET (Companhia de Engenharia de Tráfego) informou que lamenta o acidente com Mariana Rodriguez e que aguarda a investigação da polícia.
"Para os ônibus que trafegam na Avenida Brigadeiro Faria Lima, no sentido Itaim/Pinheiros, é permitida a conversão à esquerda para a Rua Chopin Tavares de Lima. Esse cruzamento é controlado por semáforo, com um foco específico para conversão de ônibus à esquerda e outro específico para ciclistas", afirma o órgão.
No cruzamento, no sentido Pinheiros, também há uma placa indicando a conversão de ônibus à esquerda para a Rua Chopin Tavares de Lima. No sentido Itaim, no entanto, não há o mesmo aviso.
Na manhã desta quinta, um agente da CET analisava a sinalização do local e afirmou não ter nada de errado. "A única coisa que vou sugerir é passar os focos [semáforos] dos ciclistas para mais perto, em vez de continuarem do outro lado da rua".
Já a SP Urbanuss (sindicato das empresas de ônibus) divulgou nota na tarde desta quinta-feira (3), informando que a empresa concessionária da linha (Terminal Pinheiros- Terminal Parque D. Pedro II), "acompanha as apurações da ocorrência, que estão sendo feitas pela polícia e pela CET".
O sindicato também ressalta que "todas as empresas promovem treinamento de direção defensiva aos seus motoristas, com orientações para que fiquem atentos aos pedestres, ciclistas e demais motoristas".
"Em casos de acidentes, as empresas prestam atendimento aos seus colaboradores, inclusive, com afastamento do trabalho e acompanhamento psicológico", acrescenta o comunicado.
RECLAMAÇÕES E SUGESTÕES
O jornalista Juliano Mignacca, 44, que afirma sempre passar por ali, reclamou da sinalização do local. "Eu já quase fui atropelado aqui. Às vezes o ciclista vê a sinalização e não entende que o ônibus vira ali ou mal enxerga o semáforo", diz.
O desenvolvedor Fernando Bueno, 41, que anda de bicicleta no local há dois anos, dá uma série de sugestões. "O semáforo para os ciclistas deveria ser maior, mais próximo, e mais visível. O ciclista consegue ver, mas fica meio distante. Tem que melhorar a sinalização tanto para os ciclistas quanto para os motoristas".
CARREIRA
Mariana Rodriguez é de Soledade (255 km de Porto Alegre) e atua como modelo desde a adolescência. Ela trabalha para a agência de modelos Joy Model Management de São Paulo há cerca de dois anos e meio.
O relações públicas Thiago Bunduky, 30, colega de trabalho de Mariana, conta que a modelo é querida por todos. "Além de ser linda, a Mariana tem uma alma bonita, uma energia boa. É sempre cheia de vida, gentil, positiva, chega no trabalho fazendo festa".
Ele conta que além de ser modelo, Mariana também estuda interpretação no Globe SP.
Entre os principais trabalhos na carreira da Mariana estão duas capas para a revista "Women's Health", um editorial para a revista "Boa Forma" e campanhas para marcas como Monange, C&A e Cia. Marítima.