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    Rio de Janeiro

    'Parecia uma montanha russa', diz vítima de acidente em Paraty (RJ)

    FABIO BRISOLLA
    DO RIO
    FABRÍCIO LOBEL
    DE SÃO PAULO

    07/09/2015 02h00

    Luan Eloy Meireles de Souza, 23, saiu de São Paulo para passar o feriado em Paraty. Acabou virando um dos 66 feridos no acidente com o ônibus da Colitur. A seguir, o depoimento dele à Folha:

    *

    "O ônibus estava sofrendo para subir as ladeiras da estrada para Trindade. Dava para sentir aquele cheiro de borracha queimada. Subia e descia, subia e descia.

    Até que apareceu um morro e ele começou a descer com tudo. Parecia uma montanha russa.

    Tinha muita gente no ônibus, o corredor estava lotado de gente em pé. Todo mundo percebeu que tinha algo errado, que estava muito rápido. Quando as pessoas começaram a gritar, o ônibus virou. Foi tudo muito rápido. Eu apaguei por uns 20 segundos. Ouvi os gritos dentro dentro do ônibus e abri os olhos.

    Editoria de Arte/Folhapress

    Minha costela estava doendo porque havia batido em algum lugar. Vi um cara quebrando o vidro com um martelo. Algumas pessoas passando por cima das outras para conseguir sair de lá. Fiquei em choque quando saí pela janela.

    Tinha muita gente sob o ônibus, presos, uns pedindo socorro, outros agonizando. Ao redor, via as pessoas feridas andando, sangrando, com fratura exposta. Foi uma cena de horror.

    Eu nasci em Rio Branco, no Acre, mas há cinco anos moro no bairro do Brás. Embarquei no sábado à noite, às 23h, no terminal Tietê.

    Cheguei às 6h e fui direto para o hostel. Dormi por duas horas, acordei e fui pegar o ônibus para Trindade.

    Como o primeiro estava muito cheio, não quis ir em pé. Entrei no ônibus seguinte e sentei no fundo. Logo ficou lotado.

    Pretendia ficar até esta segunda em Paraty. Mas tudo mudou assim que entrei naquele ônibus.

    Fui levado para o hospital em Paraty e depois transferido para outro, em Angra dos Reis. Minha coluna ainda está doendo mas não tive nada sério. Tive apenas um corte na mão.

    Recebi alta no fim da tarde [de domingo, 6]. Um amigo meu de São Paulo também estava no ônibus. De Paraty, ele foi transferido para um hospital em Angra dos Reis e deve receber alta amanhã [segunda, 7].

    Soube que mais de dez pessoas morreram. Só que ainda não consigo acreditar que tudo isso aconteceu comigo."

    Reprodução
    Vítimas são socorridas logo após o acidente que matou ao menos 15 pessoas em Paraty
    Vítimas são socorridas logo após o acidente que matou ao menos 15 pessoas em Paraty

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