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    Novo policiamento da USP começa nesta quarta, em recesso de estudantes

    LAURA LEWER
    COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

    08/09/2015 15h50

    A USP inicia nesta quarta-feira (9) o novo modelo de policiamento comunitário com a participação da Polícia Militar. A implantação da medida ocorre oito dias após um estudante ter sido baleado em uma tentativa assalto na Cidade Universitária (zona oeste de São Paulo).

    O convênio entre a universidade e a Secretaria da Segurança Pública foi assinado nesta terça (8). O sistema, inspirado em um modelo japonês, começará com 34 voluntários com idade próxima a dos estudantes. Espera-se que o número seja ampliado para 42, trabalhando tanto dentro do campus quanto nos arredores.

    Uma base fixa da PM será implantada futuramente na praça do Relógio. Até a construção da unidade, a polícia ocupará um prédio com salas vagas.

    O início do novo policiamento coincide com o recesso de estudantes durante a Semana da Pátria (de 8 a 12 de setembro). Propostas sobre a presença permanente da polícia na universidade sempre enfrentaram resistência de entidades estudantis, que afirmam considerar que a polícia pode reprimir atividades de cunho político e social.

    Durante a assinatura do convênio, o secretário da Segurança, Alexandre de Moraes, disse que a presença da PM na Cidade Universitária tem como único objetivo a segurança.

    "A PM não vem aqui para restringir qualquer manifestação, qualquer liberdade de expressão. O papel da polícia é garantir a segurança para que alunos, funcionários e servidores possam se manifestar e discutir suas opiniões livremente", disse.

    O reitor da USP, Marco Antonio Zago, afirmou que a medida é a continuação de um processo que começou em janeiro deste ano. "Tanto a Secretaria da Segurança quanto o governo do Estado estão preocupados com a violência que chega à cidade universitária", afirmou.

    Para Moraes, a medida surge de uma "coordenação importantíssima entre Polícia Militar e a guarda da Cidade Universitária. Segundo ele, um mapeamento dos pontos críticos da Cidade Universitária já foi feito, e a implantação do monitoramento por vídeo desses locais também está prevista. Isso possibilitará, segundo ele, que carros roubados que transitem no campus sejam identificados.

    Além disso, haverá a criação de um Conselho de Segurança com envolvimento dos órgãos de segurança e administração da universidade, bem como alunos e servidores. Serão feitas reuniões mensais no formato de audiências públicas.

    RESISTÊNCIA

    O aumento da atuação dos PMs no campus também é criticado pelo Sintusp (Sindicato dos Trabalhadores da USP), que defende o fortalecimento da Guarda Universitária, mais próxima aos estudantes. "Os guardas universitários conhecem a universidade, os pontos mais perigosos, os horários e locais por onde as pessoas mais se deslocam", afirmou o diretor da entidade, Magno de Carvalho, após a tentativa de assalto da última terça (1º).

    Na quarta (2), o sindicato divulgou nota qualificando o projeto da reitoria de "militarização" e disse que o policiamento na USP "trata-se de uma declaração de guerra aos estudantes, funcionários e professores da universidade e suas entidades representativas contrárias a este modelo de 'segurança' e alerta para o inevitável confronto".

    O sindicato afirma ainda que a universidade "aproveitou" o caso do estudante baleado para antecipar a medida.

    O estudante de Letras Alexandre Simão de Oliveira, 28, foi atingido próximo ao prédio da FFLCH (Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas). Três suspeitos menores de idade foram apreendidos.

    Para Zago, o caso mostrou que, mesmo sem o sistema estar devidamente implantado, a interação entre comunidade, Guarda Universitária e Polícia Militar foi responsável pela agilidade da resolução do ocorrido.

    No entanto, para a diretora do DCE (Diretório Central dos Estudantes) da USP, Marcela Carbone, a medida não é efetiva para melhorar a segurança na universidade, pois "a Polícia Militar, já está aqui há 4 anos [com base móvel na USP ] e os casos de violência só aumentaram".

    Ela também criticou o período escolhido para implantação do projeto. "O reitor escolheu essa semana para aplicar esse projeto, justamente, porque a universidade está esvaziada e que seria mais difícil a gente organizar qualquer tipo de resistência a esse projeto. Isso é histórico na USP".

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