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    Corretoras disputam segurados 'órfãos' da Unimed Paulistana

    NATÁLIA CANCIAN
    DE BRASÍLIA

    13/09/2015 02h00

    Após o anúncio da medida que, na prática, significa o fim dos planos de saúde da Unimed Paulistana, usuários têm lidado agora com o assédio das corretoras de saúde.

    Sem se identificar como jornalista, a reportagem conversou com algumas para saber as ofertas de planos individuais. Ouviu propostas de "troca" para Amil, Intermédica e Transmontana, a custos de R$ 199 a R$ 588 mensais para serviços básicos.

    O motivo do lobby está nos números: ao todo, a Unimed Paulistana , que existe desde 1971, tem 744 mil clientes. A ANS (Agência Nacional de Saúde Suplementar) determinou que eles sejam transferidos para outro gestor.

    Inicialmente, a Unimed Paulistana tem até o início de outubro para fechar um acordo e repassar os clientes. Se isso não ocorrer, a ANS deve fazer uma oferta pública para que outras operadoras apresentem propostas.

    Em meio ao impasse, administradoras de benefícios que possuem clientes com planos da Unimed Paulistana começam a planejar alternativas para manter os usuários.

    A Qualicorp, por exemplo, que tem 160 mil deles, a maioria ligada a entidades ou associações de profissionais, tem enviado kits aos usuários em que afirma ter fechado acordo com a Unimed Fesp (Federação das Unimeds do Estado de São Paulo) para possível troca de operadora, "com rede médica, coberturas e preço similares".

    Procurada, a Fesp não comentou o acordo e disse que o caso é acompanhado pela Unimed do Brasil, que representa o conjunto de operadoras com a marca -cada Unimed tem gestão e até mesmo rede de serviços diferente.

    Em nota, a Unimed do Brasil diz que "está trabalhando junto à ANS e com as operadoras do sistema Unimed para propor alternativas e garantir medidas administrativas que assegurem o atendimento aos beneficiários".

    A ANS diz que o usuário tem autonomia para decidir sobre possível troca de plano antes do fim do prazo de alienação da Unimed Paulistana.

    Segundo a agência, a operadora tem obrigação de garantir o atendimento até que a transferência seja concluída –para isso, é recomendado manter as mensalidades em dia, afirma a agência.

    O Procon-SP orienta usuários a esperar o prazo de 30 dias para que possam comparar as ofertas existentes com a rede do plano para o qual podem ser transferidos.

    Isso porque, na transferência, o usuário tem direito a rede de serviços e mensalidades similares às anteriores.

    Nesse caso, também não há carência -em algumas situações, como a de clientes que recebem atendimento para doenças já existentes, a espera para obter alguns serviços em um plano novo pode chegar a dois anos.

    Planos de saúde

    INCERTEZA

    Enquanto alguns usuários lidam com o assédio, outros vivem uma incógnita em relação ao atendimento.

    É o caso de Maria Julia Monteiro, de 78 anos –28 deles como usuária de um plano da Unimed Paulistana.

    Há alguns meses, a família tentou, sem sucesso, fazer com que ela e o marido trocassem de plano, que hoje custa R$ 2.000 mensais. "Ninguém aceita idoso", diz ela.

    Em nota, a Unimed Paulistana diz que faz "todos os esforços para garantir o atendimento a seus beneficiários durante o período de transição".

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