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    Na ativa desde 1908, elevador mais antigo de SP percorre três andares

    EDUARDO GERAQUE
    DE SÃO PAULO

    16/09/2015 02h00

    Com mais de 100 anos de idade, ele ainda ajuda noivas ou crianças com o pé quebrado no mosteiro de São Bento, no centro de São Paulo.

    Na ativa desde 1908, o elevador mais antigo da cidade percorre três andares. Seu uso é reservado a cerimônias de casamento e a estudantes com dificuldade de locomoção do colégio São Bento, que funciona nesse mosteiro.

    O que permite o sobe e desce da cabine de ferro entrelaçado são extensas roldanas. Superadas por cabos mais modernos, elas estão prestes a testemunhar mais uma virada tecnológica no setor.

    No ano que vem, elevadores sem cabo devem entrar em operação na Alemanha –mesmo país onde foi inventado, em 1880, o primeiro elevador elétrico.

    Movidos por propulsão magnética, eles funcionarão em uma torre de 244 metros de altura da empresa ThyssenKrupp, que também fabricará os equipamentos.

    As máquinas poderão se movimentar tanto na direção vertical como na horizontal. Com esse atributo, terão capacidade, por exemplo, de ligar diferentes torres de um complexo de prédios.

    Consultor em transportes verticais, Paulo Dal Montediz diz que a evolução do equipamento está mais rápida do que os prognósticos dos estudiosos do setor.

    "Em meus trabalhos, havia previsto o elevador eletromagnético [como será o testado na Alemanha] para 2041", afirma Montediz.

    SÃO PAULO

    Ainda não há previsão de quando elevadores sem cabo chegarão a São Paulo –até porque os protótipos ainda terão que ser testados antes da produção em escala.

    Quando vierem, serão incorporados a uma frota que é de 66.270 equipamentos –por serem considerados veículos de transporte vertical, todos os elevadores são cadastrados pela prefeitura.

    O aparelho com registro número 1 na cidade ficava em um prédio da rua XV de Novembro, perto da praça da Sé.

    A administração estima que eles transportem todo dia 23 milhões de pessoas, o dobro da população da cidade (os passageiros são contados uma vez quando sobem e outra quando descem).

    As estatísticas mostram porque os aparelhos são considerados por especialistas o meio de transporte mais seguro. Entre 2005 e 2014, foram registrados apenas 44 acidentes de elevador na cidade. No total, quatro pessoas morreram.

    'CNH DE ELEVADOR'

    A falta de "carta de habilitação" provocou um "crime estupido" em 1927, relatou a edição da "Folha da Manhã", na página 10, no dia 24 de novembro daquele ano. À época, para operar um elevador, era necessário ter uma autorização especial.

    A falta do documento gerou uma briga que acabou custando a vida ao porteiro Roque Fonseca. Ele trabalhava no Hotel Central, que funcionava na rua Líbero Badaró, no centro.

    O porteiro fez uma denúncia contra o fiscal da prefeitura Salvador Plumari, dizendo que esse funcionário público havia aceitado dinheiro, como suborno, quando fez uma fiscalização no hotel.

    Motivo: o porteiro não tinha a devida habilitação para operar o elevador.

    O fiscal, ao saber da acusação, resolveu voltar ao hotel e tirar satisfação sobre o caso pessoalmente com o porteiro. Levou seu chefe para ver se a acusação seria repetida.

    O porteiro reafirmou a denúncia e acrescentou: além do dinheiro, ofereceu uma garrafa de vinho a um colega do fiscal.

    Ao ouvir isso, segundo relato naquela edição do jornal, Plumari "saccou de um revolver que costumava levar consigo, um Smith Wesson de n. 470021, e deu ao gatilho".

    O tiro atingiu o peito do porteiro do hotel. Levado à Santa Casa, não resistiu aos ferimentos e morreu.

    Editoria de Arte/Folhapress
    METRÔ VERTICAL Novo modelo de elevador anda na horizontal e não usa cabos
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