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    Governo Alckmin volta a mudar o comando da Rota após quase 7 meses

    ROGÉRIO PAGNAN
    DE SÃO PAULO

    20/09/2015 22h38

    O governo Geraldo Alckmin (PSDB) decidiu fazer uma troca no comando da Rota, grupo de elite da Polícia Militar, menos de sete meses após a última mudança e em meio a questionamentos sobre a letalidade da polícia.

    O tenente-coronel Alberto Malfi Sardilli, escolhido como novo chefe da tropa, comandava a cavalaria da PM e é visto como um oficial muito ligado ao governo –dentre outras funções no Palácio dos Bandeirantes, foi ajudante de ordem na primeira gestão de Alckmin e também do ex-governador José Serra (PSDB).

    Ele substituiu Alexandre Gaspar Gasparian, também tenente-coronel, que estava no cargo desde fevereiro e que vai para a vaga deixada pelo colega na cavalaria da PM.

    A Secretaria da Segurança Pública se limitou a dizer que a troca, formalizada no sábado (19), é parte de "decisão estratégica" –não deu detalhes nem revelou os motivos.

    A mudança ocorre após episódios de desgaste da imagem da PM (por crimes cometidos por policiais e pela suspeita da existência de "grupos de extermínio") e especificamente da Rota (integrantes do batalhão foram alvo de acusações de assassinatos).

    No mês passado, 14 policiais da Rota foram presos sob suspeita de terem matado duas pessoas já rendidas em Pirituba (zona norte) –em simulação de confronto.

    Dias antes, dois PMs do batalhão também foram presos após terem tentado matar um homem em Sumaré, no interior paulista. Os policiais, em horário de folga e na companhia de dois colegas, trocaram tiros com PMs em serviço na cidade na tentativa de fuga.

    Também trabalhava na Rota Fabrício Emmanuel Eleutério, soldado que é a única pessoa presa até agora sob a suspeita de participação na chacina que deixou 19 mortos em Osasco e Barueri (Grande São Paulo) no mês passado.

    O novo comandante da tropa é tido como austero com os subordinados. Sua nomeação foi vista na corporação como uma forma de Alckmin segurar a Rota, que tem a imagem de força violenta na PM.

    LETALIDADE

    O Estado teve recorde de mortes cometidas por policiais em serviço no primeiro semestre deste ano –358 casos, contra 157 no mesmo período de 2013, por exemplo.

    No caso da chacina que deixou 19 mortos na Grande São Paulo, a principal suspeita é que tenha sido uma retaliação de PMs à morte de um colega após um assalto em um posto de combustível dias antes.

    O comandante-geral da Polícia Militar, Ricardo Gambaroni, chegou a gravar um vídeo à tropa na semana passada pedindo que os policiais reflitam sobre os malefícios de simulação de confrontos e assassinatos de suspeitos –como ocorreu também no Butantã (zona oeste), onde a morte de dois rapazes acabou sendo gravada por câmeras.

    "Ocorrências forjadas estão levando os nossos policiais para a cadeia. Para a Polícia Militar, os danos à imagem podem ser irrecuperáveis. E, para os policiais envolvidos, os prejuízos financeiros, emocionais e familiares são incalculáveis. Pensem nisso", disse.

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