Policiais civis e militares mataram 571 pessoas entre 1º de janeiro e 31 de agosto de 2015 no Estado de SP. O número é 17% maior do que o dos oito primeiros meses do ano passado. De acordo com a Ouvidoria da Polícia de SP, é o maior índice desde 2006.
O levantamento considera os homicídios dolosos em serviço, homicídios dolosos fora de serviço e resistências seguidas de morte.
O número surge em meio às investigações da chacina de agosto em Osasco e Barueri, que deixou 19 mortos. A principal hipótese é que os ataques tenham partido de policiais, em retaliação à morte de um PM uma semana antes.
Depois de 37 dias dos assassinatos, só há um suspeito preso, cuja acusação se sustenta em testemunha contestada pela justiça.
Os números, no entanto, são contestados pela Secretaria da Segurança Pública, que afirma não ter divulgado os dados de agosto ainda. O órgão afirma, em nota, que entre janeiro a julho deste ano, houve 442 mortes decorrentes de intervenção policial e 49 homicídios por policiais em serviço e em folga, totalizando 491.
A secretaria também disse estar "desenvolvendo ações para reduzir a letalidade policial". Uma das iniciativas citadas pelo órgão, a resolução SSP 40/15, teria reduzido "em 15% a letalidade policial militar nos últimos quatro meses em relação ao mesmo período do ano passado".
A resolução prevê, entre outras medidas, a imediata comunicação ao Ministério Público. De acordo com a secretaria, a CPI sobre homicídios de jovens negros e pobres da Câmara dos Deputados defendeu a adoção da medida em todo o Brasil.
SEM PARALISIA
O governador Geraldo Alckmin (PSDB) afirmou nesta segunda-feira (21) que as investigações não estão paralisadas.
"Não adianta apresentar uma denúncia que, depois, na Justiça, cai", disse o governador. "[A investigação] está sendo feita com muita cautela para não simplesmente denunciar, mas você ter todas as provas periciais que levam à denúncia", completou.
Segundo o governador, não há fatos que liguem a chacina de agosto com a do fim de semana, que deixou quatro adolescentes mortos em Carapicuíba. "Não descartamos nenhuma hipótese. Também não há nenhum fato que comprove [a ligação entre as duas chacinas]. A gente deve aguardar um pouco, a polícia está agindo com firmeza para comprovar os fatos."
ROTA
Alckmin afirmou, ainda, que a mudança de comando da Rota, batalhão de policiamento ostensivo da PM, menos de sete meses depois da última troca, é um procedimento normal.
"Essa mudanças são normais, de acordo com a estratégia da polícia esses cargos de alto comando sempre estão sendo mudados", afirmou. "É norma da Secretaria de Segurança Pública quando entender necessário fazer substituições."
O governador comentou também um relatório do Tribunal de Justiça que mostra que as audiências de custódia revelaram pelo menos 277 casos de tortura ou agressões a presos por parte de policiais. O levantamento foi divulgado nesta segunda pelo jornal "O Estado de S. Paulo".
"O Ministério Público não apresentou nenhuma denúncia nesses últimos oito meses. E nenhum juiz também abriu inquérito para apurar. Nós somos o maior interessado. Agora, é comum, às vezes, o preso alegar [tortura], porque às vezes ele utiliza isso [como defesa]."