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    Vingança por morte de PM pode ter provocado 32 mortes na Grande SP

    ROGÉRIO PAGNAN
    LUCAS FERRAZ
    DE SÃO PAULO

    24/09/2015 02h00

    A força-tarefa criada pelo governo Geraldo Alckmin (PSDB) para investigar a chacina que deixou 19 mortos na Grande SP detectou indícios de ligação do crime com outros 13 assassinatos ocorridos nos cinco dias anteriores.

    Com isso, a apuração já trabalha oficialmente com a hipótese de um mesmo grupo ter matado 32 pessoas e deixado dez feridos em cinco municípios vizinhos entre si na região metropolitana: Osasco, Barueri, Carapicuíba, Itapevi e Santana do Parnaíba.

    Os crimes ocorreram a partir de 8 de agosto, um dia após a morte de um PM por bandidos que assaltavam um posto de combustível. A principal linha da investigação é que a série de ataques, que culminou na chacina com 19 mortes em 13 de agosto, tenha sido retaliação de policiais ao assassinato do colega.

    Editoria de arte/Folhapress
    MAPA DAS MORTESCom investigação ampliada, vítimas de chacina podem subir para 32

    Em documentos obtidos pela Folha e anexados à investigação, a polícia listou as 32 mortes e disse haver semelhança, desde as ações de 8 de agosto, no "modus operandi" dos atacantes, que são chamados de "facção criminosa".

    Também cita a "proximidade geográfica" e a "igualdade de calibres de armas de fogo empregadas" como indícios de que deve haver ligação entre esses crimes.

    A Folha apurou que a força-tarefa foi informada que exames periciais nos projéteis e cápsulas encontrados nos locais também reforçam a ligação entre a chacina e a pré-chacina –ao menos parte das munições utilizadas nos assassinatos em dias diferentes saiu da mesma arma.

    AGRUPADOS

    A relação das 32 mortes foi apresentada pela Corregedoria da PM à Justiça Militar na semana passada para pedir mais prazo para investigação.

    Ao considerar a ligação entre os diferentes crimes, a força-tarefa de Alckmin afirma haver indícios de participação de "indivíduos agrupados, com divisão de tarefas".

    Quase um mês e meio após a chacina com 19 mortos, a gestão tucana ainda não conseguiu esclarecer os ataques –apenas um soldado da Rota foi preso até agora sob suspeita de envolvimento e, mesmo assim, a consistência dos indícios contra ele chegou a ser questionada pela Justiça.

    Como a principal linha de investigação da série de ataques é uma suposta represália à morte de um PM, as ações podem se estender a circunscrições de quatro batalhões, 14º e 42º (Osasco), 20º (Barueri, Itapevi e Santana de Parnaíba) e 33º (Carapicuíba), conforme afirmam documentos da própria PM. O governo não trabalhava inicialmente com a possibilidade de ligação entre a chacina e as mortes anteriores.

    Os assassinatos entre os dias 8 e 12 de agosto vinham sendo investigados diretamente pelos policiais das cidades onde eles ocorreram.

    Agora, as apurações devem ser concentradas no DHPP (departamento de homicídios), que já respondia pela investigação das 19 mortes em Osasco e Barueri.

    No final de semana passado, quatro jovens, entre 16 e 18 anos, foram alvo de chacina em Carapicuíba. A polícia vai apurar eventual ligação com esse crime também, embora não tenha indício disso.

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