Se você é paulistano, gosta muito de calor e estava pensando em tirar férias nos próximos dias, talvez nem precise escolher destinos como Norte ou Nordeste do país. É que os termômetros não param de subir em São Paulo e podem alcançar marcas recordes entre quinta e sexta-feira (24 e 25).

De acordo com três meteorologistas ouvidos pela Folha, de três institutos diferentes, a cidade pode bater nas próximas 24 horas três recordes: o de maior temperatura deste ano, que foi 36,5ºC em janeiro, o de maior temperatura em um mês de setembro, que é de 37,1ºC e até mesmo o recorde histórico de calor, ou seja 37,8°C.

Mas se ainda há divergências sobre quanto calor vai fazer na cidade, uma coisa, os especialistas concordam. O principal vilão desse aumento de temperatura é o fenômeno "El Niño", que se caracteriza pela elevação da temperatura do oceano Pacífico e acarreta uma série de eventos climáticos extremos, tais como secas prolongadas e tempestades.

Para o meteorologista do CGE (Centro de Gerenciamento de Emergências de São Paulo), Thomaz Garcia, a previsão é a de que a primavera tenha "até por conta da presença do "El Niño", influência do fenômeno global oceânico atmosférico que continua causando temperaturas acima da média".

Garcia lembra ainda que "o inverno foi mais quente que o normal". Ele rechaça, contudo, que o chamado aquecimento global seja culpado pelas temperaturas extremamente altas. O meteorologista explica, porém, que nesses últimos dez dias, não é só El Niño. Temos uma massa de ar seco no Brasil que está funcionando como um bloqueio atmosférico".

AR SECO PREOCUPA

Por sua vez, a meteorologista do Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia), Neide Oliveira, tem uma estimativa mais conservadora com relação à temperatura máxima que deve ser registrada em São Paulo. Para ela, o mais provável é que a temperatura máxima oscile entre os 33°C e os 35°C nas próximas 24 horas, embora ela não descarte que o recorde do ano (36,5°C) seja alcançado.

Ela também chama atenção para o fato do calor extremo vir acompanhado de baixa umidade relativa do ar. "Com essa massa de ar seco não tem formação de nuvens. Isso e as temperaturas muito elevadas consequentemente baixam a umidade relativa do ar", explica Neide Oliveira.

"No interior a gente ainda deve ter umidade em torno de 15%. Aqui na capital em torno de 20 a 25% nesta quinta-feira (24)", enumera a meteorologista.

Por conta da baixa umidade, a CGE emitiu, na tarde desta quinta, boletim recomendando que se evite a prática de exercícios ao ar livre entre 10h e 17h. A nota também aconselha o uso de bonés, chapéus, óculos escuros e protetor solar e que se faça a umidificação de ambiente. O órgão recomenda ainda que seja consumida "água à vontade".

Entre o fim da noite de sexta e o início da manhã do sábado (26) as temperaturas devem cair, devido à chegada de uma frente fria.

RECORDE À VISTA

Já a meteorologista Bianca Lobo, da Climatempo, projeta que a temperatura deve chegar aos 37°C, com possibilidade de ultrapassar os 37,8°C, maior registrada em São Paulo desde 1943. O recorde ocorreu no ano passado, no dia 17 de outubro.

Na tarde do sábado passado (19), de acordo com a Climatempo, a capital paulista bateu um recorde histórico de calor e teve a tarde mais quente já registrada em um dia de inverno em 72 anos. A temperatura máxima atingiu 35,5°C no Mirante de Santana.

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CONFIRA AS 10 MAIORES TEMPERATURAS REGISTRADAS
*Na cidade de São Paulo, entre 1943 e 2014

37,8°C - 17.out.2014
37°C - 20.jan.1999
36,7°C - 19.jan.1999 / 21.jan.1999
36,6°C - 31.out.2012
36,4°C - 7.fev.2014
36,3°C - 8.fev.2014
36,1°C - 30.out.2012
36°C - 9.fev.2014
35,9°C -1.fev.2014 / 13.out.2014
35,7°C - 3.dez.1998 / 10.out.2002

Fonte: Inmet