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    Investigação enfraquece indícios contra único PM preso após chacina

    ROGÉRIO PAGNAN
    LUCAS FERRAZ
    DE SÃO PAULO

    25/09/2015 02h00

    Os indícios contra a única pessoa presa suspeita de participar da chacina que deixou 19 mortos na Grande São Paulo perderam força ao longo de um mês e meio de investigação –levando a Polícia Militar a cogitar sua liberação.

    O rastreamento do carro e a quebra de sigilos telefônicos enfraqueceram as suspeitas da polícia contra Fabrício Emmanuel Eleutério, soldado da Rota preso depois dos crimes em Osasco e Barueri.

    Em documento apresentado à Justiça Militar, a Corregedoria da PM escreveu que "a única prova de que dispomos é reconhecimento pessoal" e admitiu pedir "a imediata liberação do suspeito" se for demonstrado "não mais haver necessidade" da "medida cautelar privativa de liberdade".

    O "reconhecimento pessoal" citado pela polícia é de um suposto sobrevivente da chacina –posto sob suspeição pela Justiça pelo fato de não terem sido apresentadas provas de que ele foi atacado nem de como a investigação conseguiu encontrá-lo.

    A quebra dos sigilos telefônicos não ajudou a confirmar a versão do suposto sobrevivente –não foi encontrada ligação do soldado da Rota com demais PMs investigados.

    O celular de Eleutério, segundo a quebra dos sigilos, foi usado na casa de sua noiva às 22h36 no dia do crime –os ataques, segundo a polícia, ocorreram das 20h30 às 23h30. A ligação foi entre ele e sua advogada, Flávia Artilheiro.

    Os dados do rastreador do carro usado por Eleutério mostraram que ele ficou na casa da noiva das 19h12 às 22h36 no dia do crime.

    A noiva e a mãe dela afirmaram em depoimento que eles ficaram em casa naquela noite para comer pizza.

    A Corregedoria diz, porém, que esses depoimentos devem ser vistos com "cautela" em razão do envolvimento emocional e familiar.

    E, como Eleutério pode ter saído de casa em outro carro e seu telefone pode ter sido atendido por outra pessoa na casa da noiva, a PM não descartou, por ora, a ligação do policial com a chacina.

    O soldado da Rota também é investigado por cinco chacinas anteriores –policiais ouvidos pela Folha dizem haver fortes indícios de envolvimento dele em parte dos crimes, mas a defesa de Eleutério alega inocência.

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    HISTÓRICO DE CRIMES
    Principais chacinas de SP em 2015 tiveram suspeita de participação de policiais

    24.jan - Mogi das Cruzes (Grande SP)
    > Criminosos chegaram em um Volkswagen Fox e abriram fogo contra um grupo que conversava na rua

    2.fev - Vila Jacuí (zona leste)
    > Jovens conversavam perto de um campinho de futebol quando ao menos sete homens atiraram

    9.abr - Jaçanã (zona norte)
    > Quatro pessoas morreram após serem baleadas na rua e em três ataques próximos

    18.abr - Quadra da Pavilhão Nove (zona oeste)
    > Crime aconteceu durante confraternização. Em maio, um PM e um ex-PM foram presos acusados de participar do crime

    1º.jul - Jardim São Luiz (zona sul)
    > As 6 vítimas estavam no bar quando o grupo de atiradores chegou. Os suspeitos fugiram em um carro

    13.ago - Osasco e Barueri (Grande SP)
    > A principal linha de investigação é a vingança de PMs pela morte de um colega. Um soldado suspeito da Rota foi preso

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