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    Impor limites vai gerar um mercado paralelo, diz gerente-geral do Uber

    GIBA BERGAMIM JR.
    DE SÃO PAULO

    29/09/2015 02h00

    O gerente-geral do Uber no Brasil, Guilherme Telles, 32, diz, em entrevista à Folha, que a imposição de limites à atuação da empresa em São Paulo –como controle de preços e do número de veículos– será prejudicial à cidade porque estimulará a criação de um "mercado paralelo".

    Para isso, ele espera que a regulamentação do aplicativo de transporte pelo prefeito Fernando Haddad (PT) seja "livre de barreiras artificiais", não podendo ser tratado como táxi –serviço que, apesar de depender de licença municipal, é alvo de negociações ilegais de alvarás.

    Apesar de fazer um transporte considerado clandestino hoje pela prefeitura e alvo de projeto aprovado na Câmara para vetá-lo por força de lei, a empresa faz planos de ampliar a ação do Uber para todas as franjas da cidade.

    Prova disso é a criação do Uber Sul –que atende bairros do extremo sul, como Capela do Socorro, Grajaú e Parelheiros, com preços mais baixos.

    Formado em administração pela Fundação Getulio Vargas com MBA na universidade americana de Stanford, Telles falou à Folha na sede da empresa, em Pinheiros (zona oeste) –diante do embate com taxistas, a empresa evita a divulgação exata do endereço.

    Adriano Vizoni/Folhapress
    O gerente-geral do Uber no Brasil, Guilherme Telles, em seu escritório
    O gerente-geral do Uber no Brasil, Guilherme Telles, em seu escritório

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    Folha - O prefeito Haddad fala em criar um marco regulatório para os aplicativos de transportes. O que o sr. acha?

    Guilherme Telles - O prefeito deu uma sinalização muito positiva de que ele quer caminhar na direção de modernizar a cidade. Mas deve ser uma regulamentação que aponte para um mercado novo. A gente olha para 2014, na Califórnia, quando surgiu a nossa primeira regulamentação e, depois disso, em mais de 50 jurisdições nos Estados Unidos, no México, nas Filipinas. O mais importante é que não sejam criadas barreiras artificiais, porque, quando se cria uma regulamentação com essas barreiras, isso gera um mercado paralelo.

    Que tipo de barreiras?

    Enxergar uma coisa que funciona no âmbito privado e colocar no âmbito público. Pegar um transporte privado e tratar como táxi. Essas barreiras seriam alvarás, controle de preço, controle de ofertas. Todas essas coisas geram uma ineficiência. Daí a gente pega um serviço inteligente e inovador e coloca restrições que fazem com que ele se torne um serviço que hoje a gente sabe que não funciona. Essa regulamentação é para o mercado, não para a Uber, é para o bem da cidade.

    O serviço de táxi é ineficiente?

    Acho que existem alguns problemas. Houve melhorias com esses aplicativos [de taxistas] que surgiram recentemente, mas o serviço feito pelos motoristas do Uber tem algumas características que são focadas em eficiência maior. Lançamos o Uber sul [serviço 15% mais barato do que a modalidade menos luxuosa do aplicativo]. Pessoas que andavam 3 km até o ponto de ônibus agora têm o Uber como opção. Se a gente tivesse um controle de oferta, como existe no táxi, você não conseguiria oferecer o serviço. Por isso é tão difícil pegar um táxi nessas regiões.

    As pessoas nessas regiões têm condições de pagar?

    Com certeza. Colocamos motoristas que moram na região. Em algumas horas, houve motorista que fez 17 viagens. Existe uma grande demanda ociosa.

    Os taxistas chamam o Uber de clandestino e caixa-preta por esconder informações.

    Na semana passada, nós divulgamos que temos 5.000 motoristas na plataforma [no Brasil] e temos o compromisso de gerar mais 30 mil oportunidades de emprego até outubro de 2016.
    Estamos fazendo parcerias com grupos específicos, como mulheres e imigrantes que vêm para o Brasil, que são engenheiros e advogados que não conseguem uma profissão. Eles têm a oportunidade de encontrar no Uber uma fonte de renda e sustento para suas famílias. Sobre a empresa, temos sede no Brasil, CNPJ em cada cidade em que atuamos e pagamos nossos impostos devidos por uma empresa de tecnologia.

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