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    Transexual se alista no Exército e tem fotos e dados pessoais expostos

    THIAGO AMÂNCIO
    DE SÃO PAULO

    29/09/2015 16h46 Erramos: o texto foi alterado

    A estudante transexual Marianna Lively, 18, teve fotos e dados pessoais espalhados pela internet depois de se alistar para o serviço militar na última quarta-feira (23) em Osasco, na Grande São Paulo.

    Imagens da estudante em um pátio do quartel e do Certificado de Alistamento Militar, com dados pessoais como nome de registro, data de nascimento e CPF, se espalharam por grupos de Whatsapp e páginas do Facebook.

    Com a exposição, Marianna passou a receber mensagens e ligações com assédios e xingamentos.

    "Não deixarei passar batido, pois não quero que outras pessoas passem pelo mesmo, ou até pior", desabafou a estudante pelo Facebook.

    De acordo com a advogada de Marianna, Patrícia Gorisch, os agressores já foram identificados e estão sendo denunciados. Uma denúncia também foi feita à Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República.

    Reprodução/Facebook
    A jovem Marianna Lively, de 17 anos, usou a sua página no Facebook para denunciar um episódio de transfobia da qual teria sido alvo em São Paulo. Segundo ela, a sua ida ao quartel do Exército, para fins de alistamento militar, teria dado origem a ligações preconceituosas e até o compartilhamento de informações da trans.
    Certificado de Alistamento Militar da transexual Marianna Lively; imagem se espalhou pela internet

    Em nota, a assessoria de imprensa do Exército afirmou que já instaurou um inquérito policial militar para esclarecer o ocorrido, e que "os envolvidos serão responsabilizados por suas ações, dentro do que prescreve a legislação vigente."

    O órgão diz que "não discrimina qualquer pessoa, em razão da raça, credo, orientação sexual ou outro parâmetro. O respeito ao indivíduo e à dignidade da pessoa humana, em todos os níveis, é condição imprescindível ao bom relacionamento de seus integrantes com a sociedade."

    "O Exército não compactua com este tipo de procedimento e empenha-se, rigorosamente, para que eventuais desvios de conduta sejam corrigidos, imediatamente, dentro dos limites da lei", completa a nota.

    A transfobia é passível de punição no Estado de São Paulo desde 2001. A lei 10.948 pune as práticas de discriminação contra homossexuais, bissexuais e transgêneros. O texto esclarece que é proibido "praticar qualquer tipo de ação violenta, constrangedora, intimidatória ou vexatória", sob pena de advertência e multa que pode ir de R$ 21 mil até R$ 637,5 mil (em caso de reincidência).

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