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    Pintor confessa 6 mortes e diz que agiu sob efeito de drogas, afirma advogado

    DE SÃO PAULO

    29/09/2015 17h34

    O pintor de paredes Jorge Luiz Morais de Oliveira, 41, confessou nesta terça-feira (29) ter matado seis pessoas –a travesti Carlos Neto Alves de Matos Júnior e outras cinco mulheres.

    Segundo o advogado do suspeito, André Nino, Oliveira afirmou em depoimento que matou Matos Júnior por legítima defesa. Já as outras vítimas –todas usuárias de drogas, segundo o pintor– foram assassinadas enquanto ele estava sob o efeito de entorpecentes.

    Todas as vítimas foram encontradas enterradas no terreno de sua casa, na favela Alba, zona sul de São Paulo. A polícia encontrou um sétimo corpo no local nesta terça, que ainda não foi identificado.

    "A cada hora que se faz um novo levantamento, se descobre uma nova ossada, parte de um osso, um crânio", afirmou o delegado, Jorge Carrasco.

    De acordo com o advogado, ele disse que foi agredido com uma faca pelo travesti, que era seu vizinho. Ao se defender, ele teria matado Júnior. O suspeito apresenta ferimentos profundos nas mãos, braços e coxa, que seriam compatíveis com o relato, segundo Nino.

    Oliveira disse à polícia que vendia crack e cocaína para todas as vítimas. Alegou que as matou porque tinha medo de que contassem a traficantes de uma facção criminosa que ele vendia drogas. A polícia diz que a versão de Oliveira é invenção e ainda investiga a motivação dos crimes. "É um motivo torpe, ainda precisamos investigar", disse o delegado Carrasco.

    A identidade das vítimas só será confirmada após exames de DNA, segundo a polícia. Oliveira também disse que estrangulou as cinco mulheres e que não teve relacionamento com nenhuma das vítimas.

    Além da casa dele, bombeiros e peritos vão vasculhar um terreno usado por viciados perto da casa do suspeito.

    Preso desde sábado (26), Oliveira será, por enquanto, indiciado sob suspeita de homicídio triplamente qualificado e ocultação do cadáver da travesti. Antes, ele já havia ficado preso por 19 anos, por dois assassinatos.

    Investigadores agora apuram o desaparecimento de 30 pessoas na região da favela Alba –algumas delas podem ter sido mortas por Oliveira, diz a Polícia Civil.

    Apesar de confirmar a versão de Oliveira à polícia, o advogado contestou a circunstância da confissão de seu cliente. "Na atual situação dele, completamente consumido pela droga, confessaria qualquer coisa", disse.

    Em entrevista à TV Record, a mãe do pintor disse que não perdoará o filho, a quem chamou de "monstro".

    "Ele estava morando aqui havia pouco mais de um ano, mas havia seis meses que trancava a casa dele", disse. "O pessoal diz que eu sabia dos corpos, mas nunca tive acesso à casa dele."

    CENA DO CRIME

    A série de mortes sob suspeita atraiu parentes de desaparecidos à casa do pintor.

    A mãe e a companheira da estudante universitária Renata Christina Pedrosa Moreira, 33, sumida desde janeiro, compraram uma enxada e uma pá e foram ao imóvel na segunda (28), aberto e sem isolamento, para fazer uma escavação.

    Elas disseram que, ao quebrar uma das paredes, encontraram pedaços de pele e ossos. Também acharam roupas de adultos, crianças, peças íntimas com sangue, uma bolsa de mulher com objetos de manicure e um boneco de vodu.

    O advogado de defesa, que foi contratado pelo tio de Oliveira, disse nesta terça que houve claro erro da polícia no caso. "O local [casa de Oliveira] não foi preservado, e diversas pessoas estiveram no local depois. Há imagens de pessoas comuns com enxadas cavando a cena do crime, o que pode ter alterado as provas."

    Na segunda (28), a delegada Nilza Scapulatillo, do 35º DP (Jabaquara), negou falha da perícia por não ter isolado a casa do pintor.

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