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    Capitais brasileiras têm um assassinato a cada meia hora

    JULIANA COISSI
    DE SÃO PAULO

    30/09/2015 02h00

    A cada meia hora, uma pessoa foi assassinada em capitais brasileiras no ano passado. Foram 15.932 vítimas, uma alta de 0,8% em relação ao ano anterior, segundo a 9ª edição do Anuário Brasileiro de Segurança Pública.

    Os casos mais críticos estão no Nordeste: oito das nove capitais da região (com exceção de Recife) estão na lista das dez maiores taxas de homicídio doloso e agressão e roubo seguidos de morte.

    Fortaleza é a líder do ranking, com 77,3 mortos por esses crimes a cada 100 mil habitantes, seguida por Maceió, São Luís e Natal. São Paulo tem a taxa mais baixa, de 11,4.

    O índice da capital cearense é mais do dobro da média das capitais (33) e três vezes superior à média nacional (25,2) em 2013 –os dados completos do ano passado ainda não foram consolidados.

    O estudo reúne pela primeira vez dados das capitais. Eles foram tabulados pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública com informações obtidas dos Estados por meio da Lei de Acesso à Informação.

    Homicídios nas capitais

    Vice-presidente do Fórum Brasileiro, Renato Sérgio de Lima diz que crimes são multifatoriais, mas que teorias recentes apontam que condições urbanas podem favorecer a prática de delitos.

    "Capitais têm um problema mais agudo, porque são os maiores municípios do país, têm grande adensamento urbano e ao mesmo tempo oferta de serviços públicos longe do ideal para a qualidade de vida", afirma.

    Nos locais em que a questão urbana está mal resolvida, diz o sociólogo, o Estado tem dificuldade de administrar conflitos. "Se vivo num terreno invadido ou com um bar ilegal e tenho um conflito, não vou chamar a polícia porque serei preso."

    O estudo também aponta alta de 16,6% no investimento em segurança pública. Estados e União, juntos, gastaram R$ 71,2 bilhões no setor em 2014, contra R$ 61,1 bilhões no ano anterior.

    Em relação aos gastos por cidadão com segurança pública, Piauí, Mato Grosso e Paraíba estão entre os Estados cujo investimento caiu ou ficou próximo de zero. As capitais dos três Estados estão entre as dez que mais registraram assassinatos, proporcionalmente, em 2014.

    Infográfico: Gastos com segurança pública

    NORDESTE

    As altas taxas de violência no Nordeste, para Lima, são explicadas pelo boom econômico, que atraiu maior contingente de pessoas, sem que a oferta de serviços públicos acompanhasse esse ritmo.

    Para o secretário de Segurança Pública de Alagoas, Alfredo de Mendonça Neto, o Nordeste se destaca pela forte entrada do crack nas capitais, que potencializa crimes.

    "E é uma região pobre, com menos oportunidades para uma população com políticas públicas deficientes", diz.

    Maceió é a segunda capital com a maior taxa de mortes violentas (69,5). O governo alagoano diz que, nos últimos nove meses, reduziu em 22% os assassinatos na capital e que chegará ao fim deste ano com taxas entre 48 e 50.

    Na Paraíba, a gestão do reeleito Ricardo Coutinho (PSB) afirma ter reduzido em 24% os homicídios nos últimos quatro anos. O governo diz que reajustou salário de policiais e que tem investido em aparatos de segurança, serviço de inteligência e unidades de "polícia solidária".

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