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    Durante protesto, PM atira contra manifestante do Ocupe Estelita, em PE

    PATRÍCIA BRITTO
    DO RECIFE

    02/10/2015 13h27

    Um policial militar do Batalhão de Radiopatrulha atirou na direção do rosto de um manifestante durante protesto do movimento Ocupe Estelita na noite desta quinta-feira (1º), no Recife.

    Vídeos que foram divulgados nas redes sociais mostram o momento em que os manifestantes levantam uma faixa para passar sobre dois policiais que estavam na rua, em frente à passeata.

    A faixa encosta no boné de um dos policiais, que reage e dispara um tiro de bala de borracha em direção ao rosto do estudante Leonardo Ferreira, de 21 anos. O jovem se virou e foi atingido nas costas.

    Segundo manifestantes, o policial que fez o disparo não usava identificação. A assessoria da PM afirmou que ele já foi identificado, mas que não divulgaria seu nome e que esse fato foi comunicado ao comandante do batalhão.

    Guga Matos - 10.set.2014/JC Imagem/Folhapress
    Vista aérea do cais José Estelita (centro do Recife), onde consórcio quer erguer 13 prédios
    Vista aérea do cais José Estelita (centro do Recife), onde consórcio quer erguer 13 prédios

    O grupo passava pela avenida Cais do Apolo, na região central, e protestava contra a construção do empreendimento imobiliário Novo Recife no cais José Estelita. Eles afirmam que a construção irá descaracterizar a paisagem do centro histórico da cidade e defendem o uso pública da área.

    Na quarta-feira (30), a Polícia Federal deflagrou a operação Lance Final, para investigar suspeita de fraudes no leilão que realizou a venda do terreno ao consórcio Novo Recife. Segundo as investigações, há indícios de direcionamento e prejuízos de R$ 10 milhões aos cofres públicos. O consórcio nega.

    Segundo manifestantes que estavam no protesto, os policiais que acompanharam o ato tentavam "provocar" os manifestantes desde o início da passeata.

    "Foi arbitrário, o policial atirou sem ter nenhuma troca de palavras. Não consigo pensar em outro motivo que não o racismo, porque o Leonardo era o único negro que estava na frente", disse o estudante Pethrus Cavalcante, 23.

    O movimento Ocupe Estelita afirma que irá analisar quais medidas tomar contra o policial que agrediu o manifestante.

    Em nota, o Comando Geral da Polícia Militar afirma que determinou o afastamento do policial envolvido e que ordenou "a apuração rigorosa dos fatos".

    "De imediato, o comando já determinou a apuração rigorosa dos fatos, que considera lamentável e equivocado. Até que sejam concluídas as apurações, já foi determinado ao comando do BPRP (Batalhão de Radiopatrulha) que afaste o policial militar envolvido no episódio das ocorrências de mesma natureza."

    Guga Matos - 30.mai.2014/JC Imagem/Folhapress
    Manifestação do Ocupe Estelita em maio, em Recife
    Manifestação do Ocupe Estelita em maio, em Recife

    HISTÓRICO

    O cais José Estelita, na região central do Recife, virou alvo de debates entre movimentos sociais, poder público e construtoras do Consórcio Novo Recife, que pretendem erguer um empreendimento imobiliário no local.

    Em 2014, ativistas deram início ao movimento que ficou conhecido como Ocupe Estelita, que se opõe à obra.

    O projeto prevê a construção de 13 espigões –dez prédios residenciais, um empresarial, um misto e um hotel– no terreno onde existem antigos armazéns, considerados pelo Ministério Público construções de valor histórico. O investimento previsto no local é de R$ 1,5 bilhão.

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