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    Grupo é alvo de sindicância após criticar ex-secretário de Alckmin

    EDUARDO GERAQUE
    DE SÃO PAULO

    15/10/2015 02h00

    Um grupo de seis funcionários da Fundação Florestal, ligada ao governo Geraldo Alckmin (PSDB), virou alvo de sindicância depois de criticarem o ex-secretário de Meio Ambiente Bruno Covas e outros dirigentes da área no Estado de São Paulo.

    Durante o Congresso Brasileiro de Unidades de Conservação, realizado entre os dias 21 e 25 de setembro em Curitiba, os técnicos ambientais propuseram uma moção pública, oficialmente registrada pelo evento.

    Na proposta, os funcionários da fundação consideraram "os senhores Bruno Covas, Rubens Naman Rizek Junior e Olavo Reino Francisco personae non gratae às Unidades de Conservação".

    Como é praxe em eventos científicos, o texto ficou disponível para assinaturas dos interessados.

    Bruno Covas, neto do ex-governador Mario Covas (1930-2001), hoje é deputado federal pelo PSDB. Entre 2011 e 2014, ele ocupou a pasta estadual de Meio Ambiente.

    Joel Silva-1°dez.2011/Folhapress
    O ex-secretário de Meio Ambiente Bruno Covas (PSDB)
    O ex-secretário de Meio Ambiente Bruno Covas (PSDB)

    Rizek Junior, que ocupou o cargo de secretário-adjunto na gestão de Covas, hoje está na pasta da Agricultura. O terceiro citado, Olavo Reino Francisco, ex-delegado, ocupou a direção da Fundação Florestal entre abril de 2012 e maio de 2014.

    Os funcionários criticam a troca frequente de gestores ambientais nas unidades de conservação do Estado, o que, segundo eles, tem prejudicado as políticas de proteção ambiental.

    Segundo o documento apresentado por eles no congresso, no período entre agosto de 2008 e fevereiro de 2015 foram verificadas 244 mudanças de gestores, com maior concentração nos anos de 2012, 2013 e 2014, durante a gestão de Bruno Covas.

    No mesmo período, a média de permanência dos gestores, segundo o cálculo dos funcionários mostrado no evento, foi de 7,6 meses.

    A maioria dos cargos em comissão, ainda segundo o artigo, ocorreu por indicação e não por concurso.

    OUTRO LADO

    O comunicado sobre a sindicância, datado de 25 de setembro, é assinado pelo atual diretor-executivo da instituição, Luis Fernando Rocha.

    Por meio de nota, a direção da Fundação Florestal afirma que a sindicância foi instaurada para apurar a participação irregular de funcionários no evento de setembro.

    Ainda segundo o informe, os servidores da fundação se ausentaram do trabalho sem a devida autorização.

    Eles correm o risco de serem punidos, segundo a direção da Fundação Florestal, se as irregularidades apontadas forem comprovadas.

    Procurado pela Folha, o agora deputado federal Covas, por meio de sua assessoria de imprensa, disse que "tanto a moção quanto o artigo são um direito democrático a livre expressão, tanto positiva como negativa".

    Sobre a conduta de funcionários, o ex-secretário afirmou, também por nota, que "cabe à Fundação Florestal avaliar e tomar as medidas administrativas que julgue corretas e necessárias".

    A direção do órgão e da secretaria, desde a gestão de Bruno Covas, sempre negou que as trocas dos gestores tivessem motivação política.

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