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    Casa Cofre: moradores gastam até R$ 2 milhões com itens de segurança

    ROGÉRIO PAGNAN
    DE SÃO PAULO

    19/10/2015 02h00

    O sensor por micro-ondas detecta o movimento de um invasor. Marido e mulher correm para o quarto da filha e, lá mesmo, por uma passagem secreta na parede do banheiro, entram em um bunker.
    Nem os funcionários mais leais sabem de tal passagem.

    Portas e paredes são revestidas com uma chapa de aço de liga especial (resistente até artilharia antiaérea), com sistema anti-incêndio e, ainda, com abertura de porta pela leitura da íris do morador.

    A cena descrita acima é fictícia, mas baseada em tecnologias e infraestrutura de casa real –cada vez mais comum no país– também chamada de "casa cofre".

    O nome não chega a ser nenhum exagero porque toda a concepção arquitetônica desses imóveis é voltada, desde a planta, para criação de uma estrutura destina à proteção dos moradores.

    "São conceitos de segurança. Esse conceito envolve desde a definição da altura e da forma do perímetro. Seja ele muro, gradil, a gente participa dessa definição. A localização dos portões, que tecnologia vai ser usada, durante o dia, noite. Tudo.", afirma o consultor de segurança Luís Eduardo Daher.

    Conheça a Casa Cofre

    Assim, cada detalhe da casa ou escritório é pensado para dificultar o máximo o acesso de invasores e, caso a invasão ocorra, a melhor forma de o morador se proteger. Um exemplo disso é uma casa de importante personalidade fluminense.

    Como a residência tem 5 mil m² de área construída, ela tem três refúgios: um na área da churrasqueira, outra próxima ao hall da entrada principal e, a mais resistente, na ala dos quatros. Caso ocorra a invasão, a família buscará a mais próxima.

    Em outra casa, essa na zona rural do interior de São Paulo, o alerta de invasão leva a moradora para o refúgio no próprio quarto. Simultaneamente, todas as portas dos corredores que dão acesso a ele travam automaticamente.

    Só podem ser abertas pela digital da mulher e qualquer tentativa de arrombamento provoca a liberação de uma cortina espessa de fumaça para dificultar a visibilidade e a ação dos criminosos.

    "Quando você elabora um plano de proteger sua moradia e sua vida, precisa fazer os caminhos. Um caminho pensado na segurança", disse a arquiteta Verônica Castro, também especializada em segurança residencial.

    Outra preocupação dos profissionais especializados nesse tipo de segurança é a discrição. Isso significa fazer com que os bunkers, salas cofres, refúgios e quartos seguros pareçam espaços comuns da casa.

    Na zona rural, muitos projetos preveem contêineres enterrados ao lado da casa que, no dias normais, servem como sala de jogos ou de TV.

    O PREÇO

    Embora haja construções desse tipo em quase todas as partes do país, os principais clientes de "casas cofres" estão no Rio e São Paulo. São as cidades que concentram famílias capazes de investir de R$ 200 mil a R$ 2 milhões na segurança de um imóvel.

    Os preços dos projetos dependem em grande parte do material que será utilizado. Isso é calculado pelo risco envolvendo a família e, também, a qual tempo/distância o imóvel está do socorro. Quanto mais longe, mais caro. Isso porque o material utilizado precisará durar mais tempo até a chegada a polícia.

    Para o engenheiro Felipe Eduardo, especialista em blindagem arquitetônica da Safety Wall, a essência é a mesma da época em que os castelos foram construídos. Tudo pensado para dificultar as invasões, principalmente com barreiras físicas.

    Ainda segundo ele, essa é uma mudança no comportamento das pessoas que notaram que somente as câmeras e alarmes são insuficientes para protegê-los. "No início eram as trancas e grades. Depois vieram os alarmes e câmeras. Veio a seguir a vigilância armada. Hoje, o brasileiro quer mesmo é dormir trancado em cofres."

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