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    Jovem de 15 anos perde um olho após levar tiro de bala de borracha de PM

    RAFAEL RIBEIRO
    DO "AGORA"

    23/10/2015 02h00

    Um adolescente de 15 anos perdeu o olho esquerdo ao ser atingido dentro de sua casa, no Jardim Eliza Maria, na zona norte de São Paulo, por uma bala de borracha disparada por policiais militares que dispersavam frequentadores de um baile funk.

    A família do jovem diz que o tiro foi intencional. A PM abriu um inquérito e a Corregedoria da corporação também vai investigar o caso, que aconteceu na madrugada de segunda-feira (19)

    Policiais militares estavam no bairro para dispersar o baile, que acontecia a cerca de 2 km da casa do jovem. A mãe dele afirmou que estava na sala de casa quando escutou a movimentação de quatro PMs. por volta da 1h30.

    Ela diz que, ao olhar pela janela, viu os policiais cercarem uma jovem e agredirem-na com chutes e pedaços de madeira. "Eu pedi para eles pararem e, então, um dos policiais veio até mim. Foi o tempo de fechar a janela, senão eu teria sido atingida", disse. Segundo ela, o PM bateu na janela com um pedaço de madeira.

    O adolescente estava no terraço da casa, onde era realizada uma festa infantil, e, ao ver o PM se dirigindo para a janela onde a mãe estava, gritou. Um outro policial, segundo a família, mirou a arma com balas de borracha no garoto e atirou. "Aqui estava cheio de crianças. Não tinha funk. Ele mirou para acertar o olho do meu filho", disse o pai dele, um motorista de 37 anos. O disparo atingiu o olho esquerdo do garoto.

    Ainda de acordo com a família, depois do tiro os PMs ainda jogaram bombas de efeito moral na casa e se recusaram a levar a vítima ao pronto-socorro, ofendendo e ameaçando de agressão quem tentava pará-los.

    A bala de borracha estraçalhou o globo ocular do jovem e quebrou ossos do rosto. O adolescente ficou internado até quarta-feira (21) para terminar os curativos. Sente dor constante e, segundo os médicos, só poderá colocar uma prótese de vidro daqui há seis meses. Ele prefere não falar sobre o assunto.

    "Ele tem uma vida pela frente", disse o pai. "Quando vejo PM na rua, sinto ódio por lembrar do meu filho. Acabou a confiança", afirmou.

    PUNIÇÃO DE ABUSOS

    Comandante da PM na região, o tenente-coronel José Roberto Rosa Júnior fará hoje o reconhecimento junto da vítima dos quatro policiais suspeitos de serem os autores do disparo. Ele promete investigação das denúncias e punição dos abusos.

    "Não podemos tolerar esse tipo de coisa. A PM tem regras de conduta até de como se entrar na sala de uma residência. Temos regras de conduta. Nós não compactuamos com isso", afirmou Rosa Júnior.

    Segundo ele, foi montada uma atuação especial do batalhão para atender a reclamações sobre o baile funk. Como consequência, um PM foi internado por traumatismo craniano ao ser atingido por uma pedrada e um frequentador foi baleado nas costas por um rival.

    A Polícia Civil também apura o caso e espera pelo resultado dos laudos para seguir com a investigação, aberta para apurar lesão corporal dolosa (quando há intenção).

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