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    Rio de Janeiro

    Após 1 ano no lixão, ossada de baleia morta no Rio vai decorar aquário

    ITALO NOGUEIRA
    DE DO RIO

    25/10/2015 02h00

    Fabio Teixeira/Folhapress
    Animal chegou morto à praia da Macumba, em 2014
    Animal chegou morto à praia da Macumba, em 2014

    A vida da baleia-jubarte de cerca de 13 metros de comprimento e 37 toneladas terminou no caminho de volta do arquipélago de Abrolhos (BA) para a Antártida, em agosto do ano passado.

    Provavelmente atropelada por um navio cargueiro, ela teve o crânio esfacelado e encerrou sua viagem, morta, nas areias da praia da Macumba, zona oeste do Rio.

    O "repouso" da baleia, contudo, não terminou ali. Após um ano enterrada no aterro sanitário de Seropédica (região metropolitana), sua ossada vai decorar o salão de entrada do AquaRio, aquário marinho a ser inaugurado até junho de 2016, na região portuária da cidade.

    O destino dos ossos da baleia foi decidido ao acaso, segundo o biólogo marinho Marcelo Szpilman, diretor-presidente do aquário.

    "Foi uma oportunidade. Pensei em pegar o esqueleto no dia que vi a notícia, mas não tinha a mínima ideia de onde poderia pendurar."

    Uma operação foi feita para preservar os ossos do animal. Foram usadas duas retroescavadeiras, um guindaste, uma carreta, uma pá mecânica e 55 homens, entre bombeiros, cientistas e operadores das máquinas para deslocar o animal.

    O destino de mamíferos que aparecem mortos na orla costuma ser o lixo. Em geral, são cortados para que caibam nos caminhões da Comlurb (Companhia de Lixo Urbano) e jogados em aterros sanitários. Em praias isoladas do país, podem ser até explodidos ou abandonados para ação do tempo.

    Levada para o aterro, a baleia foi envolta num cobertor, enterrada em local demarcado e lá ficou por um ano.

    LIMPEZA

    "Quando se quer o esqueleto, seja de qual animal for, é mais fácil e barato deixar a natureza agir", diz Szpilman. A prática é comum para a preservação de ossada animal para exposição. O desenterro foi feito em agosto deste ano numa operação que durou três dias.

    "Uma retroescavadeira fez uma vala ao lado de onde estava o animal e fomos acessando aos poucos os ossos. O procedimento, nesse momento, é todo manual para preservar ao máximo o esqueleto", afirmou o especialista em osteomontagem Antônio Carlos Amâncio, contratado para a retirada da baleia. Os ossos passam por limpeza final no AquaRio para exposição.

    CRÂNIO BAIANO

    O desenterro da baleia revelou um novo problema. Os ossos do crânio estavam esfacelados, o que indicou a provável causa da morte do animal. "Poderíamos colar, mas não ficaria bonito", disse Szpilman.

    A solução foi encontrada no litoral baiano, onde uma jubarte com características semelhantes foi achada morta. A peça chegou há duas semanas ao aquário.

    A baleia ficará no hall de entrada, pendurada em cabos de aço a nove metros de altura, simulando um mergulho –uma forma de encaixar o animal de cerca de 13 metros num local com 10 metros de comprimento.

    Os animais cujos esqueletos decorarão o AquaRio retornavam à Antártida numa migração que ocorre todo ano. Em junho, eles sobem até Abrolhos para reprodução ou parto. Retornam entre agosto e setembro.

    Agora, darão boas-vindas aos visitantes do espaço, que terá 8.000 animais divididos em 28 tanques com, no total, 4,5 milhões de litros de água.

    No maior, com 3,5 milhões de litros de água, os visitantes poderão mergulhar para ficar próximos de tubarões e arraias. Os animais poderão ser vistos também por um túnel de acrílico na piscina.

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