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    Ex-dona de clínica de reabilitação é morta após se envolver com drogas

    VENCESLAU BORLINA FILHO
    DE CAMPINAS

    04/11/2015 10h20

    Reprodução/Facebook
    A empresária Marcela Finardi, 31, que foi morta a facadas em Araras (SP) na última quarta (28)

    Criada pelos avós paternos em Araras, no interior de São Paulo, Marcela Finardi, 31, teve de tudo. Entrou na faculdade de direito, falava outras línguas e chegou a ser sócia de uma clínica para dependentes químicos. Mas, depois de se tornar usuária de drogas e se envolver com o mundo do crime, acabou assassinada na última quarta-feira (28).

    Marcela levou seis facadas em uma praça de um bairro afastado da cidade. A Polícia Civil investiga as causas e a autoria do crime.

    Foram dez anos no vício. Nos últimos meses, o crack era o seu "alimento". "Ela usava drogas havia mais ou menos dez anos. Nesse período, foram três, quatro internações. Sempre tentamos levá-la à igreja, mas ela não quis se salvar. Não deu tempo", disse o avô paterno, Dorival Marcel Duro Finardi, 80.

    Com o ex-marido, que conheceu numa das internações para se livrar das drogas (ele era dono do estabelecimento), a jovem chegou a montar uma clínica para tratamento de dependentes químicos na região, em 2013. Mas o negócio não foi adiante e fechou as portas no ano passado.

    Numa rede social, o ex-marido Mauro Sérgio Silva Júnior escreveu sobre a mulher com quem teve uma filha. Ele disse que "alguém o presenteou avisando que ela só tinha mais 30 dias na Terra".

    "Fomos loucos, praticamos furtos, roubos, usamos muita droga, demos muitas risadas [...] Minha única preocupação foi fazê-la rir muito e se divertir ", escreveu. Silva Júnior não foi encontrado pela reportagem para comentar o caso.

    De acordo com a polícia, o ex-marido tem um histórico com drogas e abertura de clínicas sem alvará. Segundo o delegado Francisco Paula de Oliveira Lima, há ainda denúncias de espancamento de jovens que buscavam tratamento nesses estabelecimentos.

    Em março de 2014, dois ex-funcionários dele morreram após serem atropelados. Eles tentavam impedir a fuga de um paciente que estava sendo levado para outra clínica quando uma moto os atingiu.

    O delegado afirmou que Silva Júnior não é considerado suspeito da morte de Marcela. "Ele é um cara extremamente problemático, mas não deve ter praticado o crime", disse.

    OVERDOSE DO PAI

    Filha única, Marcela perdeu o pai também para as drogas. Segundo o avô, ele era dependente químico e morreu em um banheiro público após uma overdose. A mãe dela, que segundo Finardi também usava drogas, suicidou-se há cerca de três anos.

    "Minha ex-mulher e meu filho sempre cuidaram dela. Ela chegou a fazer faculdade de direito, mas não concluiu. Sabia línguas, era inteligente, mas não largava das drogas. Estamos profundamente tristes", disse ele.

    A filha de Marcela, hoje com um ano de idade, está aos cuidados de um tio e da bisavó.

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