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    De tarifa no relógio a wi-fi em táxi, ideias de secretario de Haddad não decolam

    LEANDRO MACHADO
    DE SÃO PAULO

    05/11/2015 02h00

    Se todas as ideias de Jilmar Tatto se concretizassem, seria possível: 1) andar de táxi em São Paulo navegando na internet sem lentidão; 2) reservar uma vaga na Zona Azul pela web e 3) pagar a passagem de ônibus usando o relógio de pulso.

    Como secretário dos Transportes da gestão Marta Suplicy no início dos anos 2000, Tatto ficou conhecido por implantar o Bilhete Único na cidade e acabar com o transporte clandestino que, na época, tomava conta das ruas da capital paulista.

    Ao reassumir a pasta em 2013, virou um dos principais secretários de Fernando Haddad (PT), que escolheu a mobilidade urbana como bandeira da gestão.

    Espalhou pela cidade faixas só para ônibus e ciclovias, fechou a avenida Paulista para carros aos domingos e criou uma rede de transporte na madrugada.

    Mas também lançou propostas que nunca ganharam as ruas, nem sequer viraram projeto. Apresentadas nos últimos três anos, ganharam o apelido de "Tattices".

    Infográfico: 'Tattices'

    RELÓGIO

    Em novembro de 2013, Tatto chamou a imprensa para apresentar um chip de Bilhete Único que poderia ser colocado em qualquer relógio. Assim, o usuário pagaria a passagem sem usar o cartão.

    "Por acaso, estou com um relógio para exibir", mostrou, na ocasião. "Se começar a dar certo, tiver uma adesão grande, a prefeitura vai economizar o dinheiro do cartão". A ideia, porém, não pegou.

    Procurada nesta quarta (4), a secretaria garante que o sistema foi desenvolvido e diz que, agora, espera "uma condição mais favorável do dólar frente ao real", já que as empresas que fariam o produto têm custos atrelados à moeda norte-americana.

    Outra mudança no Bilhete Único anunciada por Tatto em 2013 foi uma espécie de "débito automático": o passageiro encostaria o cartão na catraca e, automaticamente, o valor da tarifa seria descontado de sua conta bancária. Dois anos depois, a secretaria diz que as negociações com bancos estão em andamento.

    IMAGINA NA COPA

    Também em 2013, Tatto também divulgou um projeto de instalação de tablets e wi-fi em táxis. A iniciativa começou com 10 unidades e chegaria a 3.500 até a Copa.

    Agora, a secretaria incorporou a promessa a outro projeto: diz que os motoristas do futuro sistema de "táxis pretos" poderão instalar a rede, se quiserem. "De igual modo, táxis comuns vêm inserindo, gradativamente, a tecnologia em seu leque de oferta de serviços", diz em nota.

    Em janeiro do ano passado, foi lançado projeto que permitiria aos motoristas reservarem vagas de Zona Azul pela internet. O edital está em elaboração -havia sido prometido para fevereiro de 2014.

    SEGUNDA FAIXA

    Também no ano passado, Tatto defendeu a criação de uma nova faixa exclusiva para transporte. Por ela, andariam ônibus fretados, táxis, peruas escolares e carros com mais de um passageiro.

    Essa "segunda faixa", como Tatto a chamou, nunca foi feita. Procurada, a secretaria agora diz que os veículos foram incorporados à "primeira faixa": desde o ano passado, táxis podem circular pelas faixas de ônibus, e a medida está em estudo no caso dos fretados.

    Já neste ano, Tatto sugeriu fechar a pista expressa da marginal Tietê durante a madrugada para evitar acidentes graves. A prefeitura refutou a ideia no mesmo dia.

    Agora, a pasta diz que não se tratou de uma "proposta", mas de uma "hipótese" aventada pela área técnica da CET (Companhia de Engenharia de Tráfego), que se mostrou "inconsistente".

    A pasta também mudou de opinião sobre outra proposta lançada pelo secretário –a infiltração de fiscais da prefeitura em carros do Uber.

    "Não se tratou de anúncio de uma iniciativa que seria utilizada", disse a secretaria nesta quarta (4). "Foi, somente, uma consideração levantada em meio a outras quanto a mecanismos que talvez pudessem ser implementados para a fiscalização do Uber."

    Na semana passada, o secretário afirmou que a gestão lançará operação para liberar ônibus presos em congestionamentos.

    Não detalhou como vai funcionar, mas o "Resgate ao Ônibus" foi prometido já para o fim deste ano.

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