O número de casos de caxumba no Estado teve aumento de 82%, neste ano, em relação a todo o ano passado. Segundo dados do CVE (Centro de Vigilância Epidemiológica) de janeiro até 6 de outubro, foram notificados 36 surtos e 215 casos, contra 30 surtos e 118 casos dos 12 meses de 2014.
Até o momento, duas mortes pela doença foram confirmadas, o que não acontecia desde 2012 (quando duas pessoas morreram em decorrência da doença). O governo não divulgou detalhes sobre as mortes.
A caxumba é uma doença infecciosa causada por vírus. Como é transmitida pelo ar, há maior incidência de casos com o frio, no inverno e no início da primavera.
Especialistas dizem que a morte por caxumba é muito rara e, geralmente, está associada a algum outro tipo de complicação, como pneumonia e meningite. "A caxumba costuma ter uma evolução benigna. É muito incomum morte pela doença", afirma Max Igor Lopes, médico infectologista do Hospital Santa Catarina. "É muito raro, dois [mortos no ano] é bastante", diz o infectologista Ivan Marinho, do Hospital Bandeirantes.
A advogada Paula Souza Leme, 29 anos, pegou caxumba há um mês. Ela conta que só tomou uma dose da vacina, quando era criança.
O primeiro sintoma de Paula foi inchaço embaixo da orelha, que logo evoluiu para a bochecha e todo o pescoço. Ela seguiu para um hospital particular em Santana (zona norte), onde mora. "Logo na triagem, a enfermeira já me deu uma máscara, disse que estava acontecendo um surto de caxumba e que me encaminharia para a infectologista." Um exame de sangue confirmou a suspeita.
Paula ficou duas semanas de repouso. "Tive um dia de febre e dor de cabeça e fiquei muito fraca", conta.
Especialistas destacam que a prevenção completa só ocorre com as duas doses de vacina. "Quem não tomou precisa tomar", diz o infectologista Ivan Marinho, do Hospital Bandeirantes.
CAXUMBA DESCE?
Um dos conceitos associados à doença é o de que a "caxumba desce" para os testículos, causando infertilidade. Segundo os médicos, o vírus realmente pode provocar inflamação do órgão reprodutor masculino, mas isso acontece independentemente do repouso. Em alguns casos, a infecção pode mesmo levar à infertilidade.
Os ovários femininos, o pâncreas e outros órgãos também podem ser afetados pela caxumba. Como não há remédios para a cura, é o próprio organismo que combate a doença. Daí a necessidade do repouso. "É importante para que o organismo possa reconstituir a carga de anticorpos", diz Marinho.
A vacina é o meio mais eficaz contra a doença. É necessário tomar duas doses, preferencialmente na infância.
'NÃO É ALARMANTE'
O Estado diz que o aumento de casos de caxumba não é alarmante. "Tivemos pequenos focos, mas não se trata de epidemia", diz o infectologista Jean Gorinchteyn, do Hospital Emílio Ribas, indicado pela Secretaria da Saúde para falar.
Segundo ele, o aumento ocorreu pela falta de imunização de jovens e adultos, especialmente de quem não tomou a segunda dose da vacina, incluída no calendário infantil em 2004.
De acordo com o infectologista, Isso explicaria maior incidência entre 15 e 19 anos (51 casos) e de 20 a 29 anos (39).