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    Sindicato ameaça fazer greves e protesto para manter cobrador em SP

    FELIPE SOUZA
    DE SÃO PAULO

    06/11/2015 17h00

    Marlene Bergamo - 19.mai.2015/ Folhapress
    O presidente do sindicato, Valdevan Noventa, discursa para a categoria durante manifestação em maio
    O presidente do sindicato, Valdevan Noventa, discursa para a categoria durante manifestação em maio

    O presidente do sindicato dos motoristas e cobradores de São Paulo, Valdevan Noventa, cogita a possibilidade de manifestações e greves caso a prefeitura consiga derrubar na Justiça a obrigatoriedade de haver um cobrador dentro de cada coletivo. "Vamos lutar até o fim", afirma.

    Conforme publicou a Folha nesta sexta (6), a gestão Fernando Haddad (PT) trava disputa judicial para retirar a exigência e, com isso, retirar esses profissionais aos poucos do sistema e economizar mais de R$ 1 bilhão em repasses anuais às empresas.

    "Se o ônibus não fica parado, como o motorista vai cobrar? Estamos lidando com a vida dos passageiros. Em qualquer descuido, o motorista pode causar um acidente, subir na calçada e matar pessoas", afirma Valdevan.

    O sindicato, ligado à UGT (União Geral de Trabalhadores), é conhecido por mobilizações com transtornos significativos à população –em maio, por exemplo, chegou a fechar 29 terminais de ônibus e afetar 675 mil passageiros.

    Na capital paulista, mais de 90% das passagens são pagas com Bilhete Único, e não com dinheiro direto na catraca.

    O presidente do sindicato diz que é inviável manter as linhas sem a ajuda deles, "que ajudam os idosos e deficientes, orientam os passageiros e evitam fraudes".

    Infográfico: Mudanças no transporte coletivo

    *

    Folha - Qual é a avaliação do sr. sobre a tentativa da prefeitura de derrubar a exigência de cobrador nos ônibus?
    Valdevan Noventa - Isso é pressão feita pelo poder público para suprir uma defasagem de receita. O PT deu o Bilhete Único para a população e alguém tem que pagar essa conta porque o poder público não consegue.
    Agora, ele [prefeito Fernando Haddad] quer jogar essa conta para os trabalhadores e mandar esses pais de família para o olho da rua, num momento de crise, para diminuir os custos.
    Para piorar, eles votaram uma lei na calada da noite, com várias irregularidades. A pauta não teve nem uma avaliação da comissão de transportes da Câmara.

    O que a categoria vai fazer para manter esses profissionais?
    Vamos lutar com nossas forças jurídicas até o fim. Não queremos fazer manifestações, greve ou paralisação para prejudicar a população por causa desta questão. Mas, se necessário, nós vamos ter que fazer.
    Até agora, conseguimos êxito na Justiça. Esperamos que ela continue firme, enxergando a importância do cobrador em uma cidade tão complicada como São Paulo.

    Infográfico: Raio-X do transporte em São Paulo

    Mas por que os ônibus precisam manter os cobradores?
    Nas cidades onde não tem cobrador, o motorista não ganha dois salários, mas desempenha duas funções. O cobrador tem uma série de funções dentro do ônibus: auxilia o deficiente e a grávida, passa informações, impede fraudes no Bilhete Único e de pularem a catraca.
    Além disso, o código de trânsito prevê que o operador não pode fazer duas funções porque é proibido tirar as mãos do volante.
    Se o ônibus não fica parado, como o motorista vai cobrar? Estamos lidando com a vida dos passageiros e ela não tem preço. Em qualquer descuido, o motorista pode causar um acidente, subir na calçada e matar pessoas.
    Vamos lutar para que São Paulo seja a última cidade do Brasil a aceitar isso. Vamos lutar até o fim.

    Infográfico: Funcionários do transporte

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