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    tragédia no rio doce

    Buscas por desaparecidos em MG são retomadas na manhã deste sábado

    DE SÃO PAULO

    07/11/2015 09h22

    Moacyr Lopes Junior/Folhapress
    Helicóptero de socorro sobrevoa a região do subdistrito de Bento Rodrigues onde barragens de contenção de rejeitos da mineradora Samarco Fundão se romperam na tarde desta quinta-feira (5), em Mariana
    Helicóptero de socorro sobrevoa Mariana

    As buscas por desaparecidos em Bento Rodrigues, em Minas Gerais, foram retomadas na manhã deste sábado (07).

    Com ajuda de helicópteros, a força-tarefa formada por bombeiros, Defesa Civil e policiais militares e civis rastreiam pessoas ilhadas na região, após o rompimento de duas barragens da mineradora Samarco, na quinta-feira (05). A previsão do tempo na região é de pancadas de chuva à tarde e à noite, o que pode dificultar as buscas durante o dia.

    No momento, as autoridades tentam levantar o número de possíveis vítimas, mas, segundo os Bombeiros, um número grande de familiares ainda não buscaram as bases para comunicar os desaparecimentos. Os números consolidados devem ser divulgados na tarde deste sábado (07).

    No entanto, inúmeros relatos de pessoas em busca de familiares indicam que o número deve ser maior.

    A mineradora Samarco afirmou em nota que 253 pessoas, de 70 famílias, foram alocadas pela empresa em hotéis e pousadas da região. Centenas de pessoas foram levadas em vans e ambulâncias à Arena Mariana, ginásio esportivo usado pela prefeitura para receber os desabrigados. Eles receberam roupas, comidas e assistência médica.

    Na manhã deste sábado (07), dezenas de familiares se aglomeravam na porta do ginásio, em busca de informações.

    O acidente ocorreu em Bento Rodrigues, a 15 km do centro de Mariana. A vila, que tem 121 casas e 492 moradores, segundo o IBGE, foi totalmente inundada pela "tsunami de lama" formado após o rompimento.

    Editoria de Arte/Folhapress

    As causas do incidente, que o Ministério Público classificou como o maior desastre ambiental da história de Minas, seguem uma incógnita.

    A mineradora Samarco, que pertence à Vale e à australiana BHP, afirma que o conjunto de barragens no município de Mariana foi alvo de fiscalização em julho deste ano e encontravam-se em "totais condições de segurança". Muitos moradores também passaram a noite no local, à espera de notícias.

    Segundo a empresa, pequenos tremores de terra registrados na área duas horas antes do rompimento são uma das hipóteses avaliadas (a magnitude deles, porém, foi fraca, próxima de outros cem já registrados em território nacional nos últimos três anos).

    Ela afirma que os resíduos que atingiram cinco distritos de Mariana não são tóxicos.

    No entanto, antes de serem liberadas para o abrigo, as vítimas passam por descontaminação para se livrar de resíduos de minério de ferro e produtos químicos que estavam misturados na lama que atingiu os dois distritos.

    "As pessoas que são resgatadas passam primeiramente por um processo de lavagem com água e sabão para evitar qualquer problema de saúde por conta de contaminação de ferro. Depois, elas são encaminhadas para hospitais e abrigos", informou a corporação.

    DESAPARECIDOS

    Na sexta-feira (06), nos abrigos improvisados para receber sobreviventes, uma via-crúcis de parentes buscava informação sobre desaparecidos -a maioria crianças. Mas Defesa Civil nem bombeiros informavam nada.

    A aposentada Carminha de Jesus, 48, estava havia quase dez horas à espera de informações sobre o neto Thiago, 7, que, segundo parentes, foi soterrado após o acidente.

    Ela e a filha cadastraram o nome do menino na lista de desaparecidos organizada pela prefeitura. Mas Carminha sabe que a lista é inútil. Chorando deitada em um colchão no ginásio, cobrava explicações e lembrava do garoto. "Ele era tudo na minha vida."

    No mesmo local, Natasha dos Santos, 24, estava com um bebê de três meses à espera de notícias da sobrinha Emanuelly, 5, que escapou dos braços do cunhado Wesley Isabel, 23, e sumiu na lama.

    Wesley estava com a menina e o outro filho, Nicolas, 3, na casa onde moram no subdistrito quando recebeu o aviso para fugir para uma parte alta da comunidade e escapar do mar de lama. A mãe das crianças já havia sido socorrida por vizinhos.

    O pai então agarrou as duas crianças e atravessava a rua, até ser atingido pela lama. Vizinhos conseguiram puxar Wesley e Nicolas, mas Emanuelly se perdeu.

    O pai estava internado com fratura nas pernas. O garoto, com água nos pulmões, recebia tratamento no hospital.

    A família da menina espalhou cartazes com foto dela e telefones de contato. "É um absurdo. Parece que eles estão com medo de entrar na lama e resgatar as crianças", reclamava Natasha, ao dizer que a irmã está desesperada.

    Horas antes, a cabeleireira Denise Isabel Monteiro, 32, também foi ao ginásio à procura do sobrinho de cinco anos. Também diz não ter recebido qualquer informação.

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