• Cotidiano

    Friday, 17-May-2024 09:01:25 -03

    tragédia no rio doce

    MG confirma 2ª morte em acidente em barragens; 28 estão desaparecidos

    JOSÉ MARQUES
    ENVIADO ESPECIAL A MARIANA (MG)
    FELIPE SOUZA
    DE SÃO PAULO

    07/11/2015 19h46

    O governo de Minas Gerais confirmou na tarde deste sábado (7) a segunda morte causada pelo rompimento de duas barragens da mineradora Samarco em Bento Rodrigues, subdistrito da cidade histórica de Mariana.

    De acordo com o Corpo de Bombeiros, a vítima é um homem ainda não identificado e foi localizado na barragem da hidrelétrica do distrito do Rio Doce

    De acordo com a prefeitura de Mariana, 28 pessoas continuam desaparecidas. São 13 funcionários da empresa e 15 moradores. Entre os desaparecidos, há cinco crianças com idades entre 3 meses e 7 anos.

    O "tsunami de lama" destruiu centenas de casas, arrastou carros e caminhões e deixou ao menos um morto. A vila, que tem 121 casas e 492 moradores, segundo o IBGE, foi totalmente inundada pela lama.

    Caminho da lama

    A mineradora Samarco afirmou em nota que 253 pessoas, de 70 famílias, foram alocadas pela empresa em hotéis e pousadas da região de Bento Rodrigues.

    Centenas de pessoas foram levadas em vans e ambulâncias à Arena Mariana, ginásio esportivo usado pela prefeitura para receber os desabrigados. Eles receberam roupas, comidas e assistência médica. Na manhã deste sábado (7), dezenas de familiares se aglomeravam na porta do ginásio, em busca de informações.

    Mesmo com a lama ainda encobrindo a maior parte do subdistrito de Bento Rodrigues, alguns moradores já tentam voltar ao local.

    DESAPARECIDOS

    Trabalhadores na área da empresa Samarco
    Samuel Viana Albino (Geocontrole BR Sondagens SA)
    Valdemir Aparecido Leandro (Geocontrole BR Sondagens SA)
    Ailton Martins dos Santos (Integral Engenharia LTDA)
    Claudemir Elias dos Santos (Integral Engenharia LTDA)
    Edinaldo Oliveira de Assis (Integral Engenharia LTDA)
    Sileno Narkievicius de Lima (Integral Engenharia LTDA)
    Daniel Altamiro de Carvalho (Integral Engenharia LTDA)
    Vando Maurílio dos Santos (Integral Engenharia LTDA)
    Pedro Paulino Lopes (Manserv Montagem e Manutenção SA)
    Mateus Marcio Fernandes (Manserv Montagem e Manutenção SA)
    Marcos Aurélio Perreira Moura (Produquimica)
    Edmirson José Pessoa (Samarco)
    Marcos Xavier (VIX Logística)

    Informados pelos familiares
    Emanuelly Vitória (5 anos)
    Maria Elisa Lucas (60 anos)
    Thiago Damasceno Santos (7 anos)
    Mariana da Silva Santos (21 anos)
    Ana Clara dos Santos Souza (4 anos)
    Bruno dos Santos Souza (29 anos)
    Antonio Prisco de Souza (65 anos)
    Afonso Augusto Alves (54 anos)
    Arnaldo Zeferino (40 anos)
    Aparecida Viera (65 anos)
    Joaquim Zeferino (70 anos)
    Ana Clara Dias Batista (30 anos)
    Mateus Dias Batista (5 anos)
    Yuri Dias Batista (3 meses)
    Maria das Graças Celestino da Silva (65 anos)

    O avanço da lama em um raio de mais de 100 km depois do rompimento das barragens deixou de prontidão 15 cidades de Minas Gerais e do Espírito Santo, que são abastecidas pela bacia do Rio Doce.

    Há risco de enchente e de desabastecimento de água, segundo a avaliação do Serviço Geológico do Brasil, do Ministério de Minas e Energia, que teme um impacto de grandes proporções.

    Algumas cidades já cogitam a suspensão do fornecimento de água assim que a lama atingir rios e córregos.

    Depois do acidente, outros cinco subdistritos além da vila de Bento Rodrigues foram atingidos: Águas Claras, Paracatu, Pedras, Fonte do Gama e Camargos.

    Editoria de Arte/Folhapress

    ESTRAGO É INCÓGNITA

    Mais de 30 horas depois do rompimento de duas barragens de uma mineradora na zona rural de Mariana (MG), ainda não era possível saber quantas pessoas estavam desaparecidas nem a extensão dos danos ambientais.

    Até a noite desta sexta (6), uma morte havia sido confirmada e mais de 500 pessoas, que fugiram para a mata ou que ficaram ilhadas, foram resgatadas. Elas passaram por descontaminação para se livrar de resíduos de minério de ferro e produtos químicos misturados à lama.

    A Samarco, que pertence à brasileira Vale e à australiana BHP e é responsável pelas barragens, confirmou 13 funcionários desaparecidos, mas Bombeiros nem Defesa Civil sabiam quantos moradores não tinham sido localizados.

    A lama de rejeitos se espalhou por um raio de 80 km e ainda poderia se expandir. Entre os efeitos possíveis, mortandade de peixes, destruição da vegetação, assoreamento de rios e comprometimento temporário da captação de água.

    Sem condições de acessar o vilarejo de Bento Rodrigues, que tem 492 moradores, equipes de resgate usaram um drone e três helicópteros na tentativa de achar sobreviventes. Só quando o barro baixar e o terreno estiver firme é que vão entrar à procura de corpos.

    Veja vídeo

    As causas do acidente, que o Ministério Público classificou como o maior desastre ambiental da história de Minas, seguem uma incógnita.

    A empresa diz que o conjunto de barragens foi fiscalizado em julho e estava em "totais condições de segurança". Disse que seguiu seu plano para emergências e alertou moradores por telefone.

    Segundo a empresa, pequenos tremores de terra registrados na área duas horas antes do rompimento são uma das hipóteses avaliadas (a magnitude deles, porém, foi fraca, próxima de outros cem já registrados em território nacional nos últimos três anos).

    Ela afirma que os resíduos que atingiram cinco distritos de Mariana não são tóxicos.

    No ginásio para onde foram levadas centenas de desalojados, o clima era de desespero. Cartazes foram afixados em busca de parentes.

    Segundo o prefeito de Mariana, Duarte Junior (PPS), moradores de outras localidades foram avisados a tempo. "No distrito de Paracatu a parte baixa onde estava a escola e as casas, infelizmente, não existe mais."

    O governador de Minas, Fernando Pimentel (PT), disse que é cedo para apontar as causas do acidente, mas que elas serão apuradas.

    Veja vídeo

    [an error occurred while processing this directive]

    Fale com a Redação - leitor@grupofolha.com.br

    Problemas no aplicativo? - novasplataformas@grupofolha.com.br

    Publicidade

    Folha de S.Paulo 2024